domingo, 20 de dezembro de 2009

Presentes

Querido Papai Noel,

O senhor atua apenas no Natal? É que eu comecei a fazer uma lista de desejos e vi que é impossível ganhar tudo até o Natal. Alguns estou quase ganhando, outros demandam planejamento e esforço. Meus pedidos são para todo o ano de 2010. Caso o senhor não atenda fora da época natalina, favor encaminhar minha cartinha às autoridades competentes.

Obrigada e Feliz Natal para o senhor também. Alguém teve a delicadeza de lhe desejar? Pois eu desejo, viu como sou legal?



1) Um namorado
Pois é, esse é clichê, mas é bem verdadeiro meu desejo de ter um homi pra chamar de namorado. Considerando o imenso fracasso sentimental desse ano de 2009 (não vamos falar dos meus outros quase 30 anos por agora, ok?), acho que mereço, né? Sou uma boa moça, pago minhas contas (com algum atraso, mas pago), trato bem a maioria das pessoas e só destrato quem merece, cuido bem da Belinha, amo minha família, amo meus amigos, assisto a bons filmes, leio bons livros, faço uma dança sensual, cuido do cabelo, passo creminho na pele... O senhor há de ver o meu esforço, hein?! Mereço mesmo um bom namorado.

2) Um bom lugar pra morar
Esse item tá fácil. É só o contrato que eu tô negociando dar certo, ok? Fizemos quase tudo, falta só o toque final.

3) Dinheiro
É, Papai Noel, eu sei que esse é um item complicado. Mas juro que estou correndo atrás. O senhor pode providenciar pra mim uma comissão para dar uma sustância ao meu salário, ou mais projetos bem pagos como (obrigada, Meu Deus!) tem aparecido, ou novos rumos empregatícios, uma iluminação pra eu prestar um concurso, uma Mega Sena (que acumulou ontem, quarta eu jogo, combinado?). São muitas maneiras legais e honestas de fazer mais dinheiro chegar na minha mão, pode escolher. Com mais dinheiro, pode deixar que eu cuido do item 2 e 4.

4) Uma viagem internacional
Eu tentei, mas não consegui criar a tradição pessoal de viajar pra fora do país todo ano. Foram dois sim e dois não. Agora podemos voltar ao ano sim em 2010, né? Sugestão: Portugal, EUA, Chile, Peru... mas estou aberta a propostas.

5) Mais viagens por Goiás e Brasil
É que eu realmente adoro viajar. E tem muito lugar pra conhecer e outros pra matar saudades.

6) Beatles Rock Band
Como o jogo não roda no videogame que tenho disponível, esse vai ter que vir com um novo video game. Prometo fazer valer a pena!

7) Mais Melissas
Sou doida por essas coisinhas de plástico!

8) Um joelho saudável
Ah, Papai Noel, eu sei que isso depende do meu esforço em malhar, fortalecer, alongar... Mas o senhor não pode me dar um joelho novo? Aí eu poderia fazer tudo que acho divertido como exercício (Jump, chutar sacos de pancada, correr, dançar...) e usar os saltos que tanto amo.

9) Roupas Novas
Que valorizem minha cintura.

10) Força
Ok, sei que é uma coisa meio genérica. Mas é que tem muita coisa que eu quero e sei que EU tenho que ir atrás. Equilíbrio, paz, felicidade, emagrecer, achar um rumo na vida, realização profissional, aproveitar meus talentos, resolver os meus conflitos e um monte de outras coisas. Nesse campo de autoconhecimento, acho que evoluí bastante em 2009 e vou continuar nessa busca em 2010. O que preciso mesmo é de força nesse caminho que é árduo, mas tem valido muito a pena.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Se um dia existir justiça social, terapia será declarada utilidade pública e alguns terapeutas ganharão títulos de benfeitores sociais. Eu e as pessoas que participam do meu pequeno cosmo poderão comprovar isso, sim, sim. Ontem tive uma aula de objetividade muito boa. Bem difícil, é verdade. Mas ótima. A tarefa agora é aplicar na vida real.

Também na lista dos benfeitores está o Diamante Negro. Ontem comprei um pequenininho por um real, acho que valia R$ 10. E como era muito pequeno, não tinha culpa entre os ingredientes.

*
E mais um capítulo de Agatha e a Implicância com o Mundo...

Gente, quem pensou nessa promoção da Garoto? Você ganha uma viajem pra Nova Iorque pra... pra... ver um show do Roberto Carlos!!! Meu Deus! Fiquei até com medo de concorrer, ganhar e ser obrigada a ir no show.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Caso seja um caso de nunca, não nessa vida, não pra mim, eu sei que vou agüentar. Vou levar para a maturidade plena e velhice esse olhar meio triste, meio perdido, de todos os momentos que não foram, das pessoas que não amei, das palavras que não disse e das idéias românticas que nunca realizei. E continuarei sendo semi feliz.

sábado, 28 de novembro de 2009

Fáilte agatha!!
Agora você sabe como dizer "Oi" em irlandês!

O Flickr não é um amor?!
Minhas fotos lá: http://www.flickr.com/photos/agatha/

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O pop das Sereias



Pra quem não tem cultura, ta aí a prova. Sim, tem sereias na história do Peter Pan. E é por isso que hoje à noite estarei lá, de roupa prata e flor no cabelo dançando no espetáculo "Peter Pan e Michael Jackson na Terra do Nunca".

Michael?! Pois é, essa parte eu não sei explicar. A escola achou oportuno homenagear o astro pop dentro de um espetáculo do Peter Pan. Ok, quem sou eu pra discutir?! O espetáculo de hoje a noite mistura ballet, jazz, dança do ventre, street dance etc. Uma confusão divertidíssima que gera uns diálogos engraçados nos ensaios, tipo:

* Professora: Quem puxa as sereias no encerramento é o Capitão Gancho, vocês vão reconhecer no dia.

* Figurinista: A roupa de vocês vai ficar linda com as asas.
Eu: Ahn?! Mas nossa roupa não tem asas!!!
Figurinista: Claro que tem, e são lindas!
(apreesão geral)
Eu: Mas a gente é sereiaaaaa!
Figurinista me olha apavorada: Ah, é mesmo... Confundi.
(acho que ela correu pra tirar as asas da nossa roupa.)

* Diretora: Gente, não conversa enquanto luta com espadas. Presta atenção!

* Capitão Gancho pra mim: Pode pegar sem medo, tá firme.

Gente, quem critica não sabe o que tá perdendo de diversão e magia. Me divirto ultra desses ensaios e fico, sim, muito feliz de fazer parte de uma escola de dança. Depois posto umas imagens aqui, talvez um vídeo. Dessa vez eu cumpro a promessa. Desejem-me sorte ou merda, já que é teatro.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Amor e Tempo

Quero muito agradecer a um amigo meu que, não sei o quanto nem por quanto tempo, me amou. Quando ele deu uma indireta de que gostava de mim, eu não fiz nada. E meus amigos falaram que eu fui idiota. Mas, caros, há um moralismo aqui. Ele tinha uma filha e uma mulher, no papel ou não. Ele não tentou me beijar, me agarrar, não tentou nada. Numa frase meio atravessada, meio triste e conformada, falou que era eu quem ele queria. Depois, mandou uma letra de música que mal pude ler. Eram aquelas janelas de chat que fecham automaticamente se a pessoa fica offline. Não lembro se msn ou icq. Faz um tempo isso. Mas pude traduzir rapidamente que ele me amaria profundamente e silenciosamente.

Não sei se já acabou, não o vejo há muito tempo. E não me acho no direito de perguntar nada pra ele. E se doer? E se for pertubador? E se ele nem lembrar disso? Há que se ter cuidado ao revirar velhas lembranças guardadas lá no fundo do armário.

 

Demorei muito tempo pra entender essa história. Na verdade, me culpei muito tempo por não ter feito nada. Hoje, acho que poderia ter ligado pra ele e tentado conversar. Mas eu não sabia mesmo o que fazer, eu era mais nova, um pouco mais boba, enfim... Foi por esses dias que consegui lembrar de tudo de uma maneira boa e ser grata. É muito bom ser amada.

 

Uma coisa ficou comigo: os nossos abraços. Antes de eu saber de qualquer coisa, já reconhecia o imenso carinho que ele tinha por mim e eu por ele. Quando ele me abraçava, meu Deus, como era bom! Ele me dava uns abraços apertados e longos, eu fechava os olhos. Quando tava cansada ou triste, não tinha melhor remédio. Tenho certeza que aquele abraço me transmitia amor, e mesmo sem saber dar nome, eu percebia que havia uma dádiva ali. Impossível lembrar sem sentir saudades.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Só mais uma madrugada

Tem dor que dói todo dia, mas piora em alguns. Perder um amigo sem saber porque, por exempo, ou uma amiga, no meu caso. Foi de ver uma pessoa passando pelo mesmo que reavivou o sentimento e porque hoje é hoje. Aí cá estou mais uma vez falando nisso porque eu não superei, não esqueci. Um dia, quem sabe...

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Eu faço vários planos e não executo quase nada. Hoje parece mais claro admitir que, no final das contas, é porque não me sinto capaz de muita coisa. Pode ser que isso seja um distúrbio psicológico, daqueles clínicos reconhecidos, com nome e tudo: melancolia. Veja bem que melancolia é diferente de tristeza. É um sentimento de incapacidade arraigado lá dentro, pelo que eu entendi. Tô lendo um livro pra tentar entender. E, sim, com acompanhamento profissional.

Ah, e desculpa pelo desabafo aqui, sei que vocês estão cansados. Olha os desenhos lá embaixo que é mais legal.

Janelas




quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Machines

(pra quem disse que esse cotiano é só da Agatha, falo da cidade no final do texto :P)

Um viva à tecnologia! Uhu! Nem queria, mas descobri meio por acaso que podia adicionar uma janelinha do twitter aqui. Agora tá ali embaixo, à direita. Futilidades atualizadas =D
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Por falar em twitter, descobri que gosto mais do orkut. Gosto muito mais ainda é de blogs mesmo. Na dúvida, vou mantendo todos.
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Tenho me divertido com essas coisas que nem são mais high tech, mas ainda estou aprendendo a mexer. Achei que celular com câmera era uma bobagem, mas tem sido bem útil. Minha câmera oficial, minha maravilhosa companheira de alguns anos, está com problemas de bateria que eu ainda acho que posso resolver sozinha. Enquanto não consigo, o celular registra encontros de amigos, momentos inusitados, shows, céus bonitos...
E esse mesmo celular é o som do carro, com uma pequena caixinha de som que não faz feio. Aqui em Goiânia, o índice de roubos de som de carro é de quase 100% (alguns amigos são sortudos, mas é quase certo aqui que o seu som vai ser roubado). Por isso eu continuo feliz com meu celular.
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Era pra ser tudo mais bonito com transferência de arquivos by bluetooth, mas meu pc resolveu que não reconhece mais o drive e pronto. Mas tudo bem, conectar um cabo não é tão sofrido assim.
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Ontem fui ao Atacadão, sabe? Tem em quase todas as cidades. O daqui é loooonge da minha casa, mas como era um favor, lá fui eu. Agora estou apaixonada pelo supermercado. Pensa um lugar que todos (to-dosssss) os caixas tinham pessoas atendendo? E eram vários (vá-ri-osssssss!). Eu estava em uma pequena (minúscula) fila e um atendente já me orientou a ir a um caixa livre. Foi tão rápido, uau! Acho que nunca fui tão bem tratada em um supermercado!
No final, meu irmão reparou que estávamos em um caixa preferencial. Mas foi o carinha que me indicou... ué, será que eu pareço grávida, deficiente ou idosa? Preferi acreditar na agilidade de atendimento dos clientes (preferenciais ou não).

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

The roof, the roof is on fire!



Eu sei que não tenho mais idade (e que sou preconceituosa com a minha idade), mas adoro sair pra dançar. Me descabelar, suar, me acabar na pista, céus, é bom demais. Tenho feito pouco isso por 1014 motivos, mas isso não vem ao caso agora.

Na época aurea de sair pra balada, quando eu era mais nova e ainda precisava mostrar a identidade pra provar que tinha mais de 18, nenhum lugar era mais legal que o Café Cancun aqui de Goiânia, no shopping Flamboyant. Animadíssimo, lotado de gente bonita, camarada com os pobrinhos que chegavam mais cedo pra pagar mais barato.

O dj tocava as "bombadas" do rádio e, de repente, uma rumba invadia o ambiente, os garçons subiam no balcão e se formava uma fila da tequila. Todo mundo entrava no trenzinho e passava abaixando pela cordinha (é, você tinha que fazer por merecer a tequila grátis!).

Foi nesse ambiente que me diverti demais, subi nos puffs pra jogar Birinight pra bocas abertas, dancei salsa quente com estranhos, beijei alguns, fugi de chatos, tomei porres inmemoráveis... Teve uma época que os seguranças perguntavam por mim se vissem uma amiga sem minha companhia por lá.

Ah, bons tempos...

Hoje, há muito afastada do Café, me deparo com a notinha numa coluna de jornal:
"Depois de muito sucesso nos shoppings Flamboyant e Buena Vista, a boate e restaurante Café Cancun não resistiu à concorrência e baixou as portas. A noite goianiense lamenta!" jornal Diário da Manhã.

Não resisti e mandei uma resposta indignada:

Olá!
Eu sou do tempo que o Café Cancun "bombaba" no Flamboyant. Adorava a boate lá! Mas depois que passou pro Buena Vista, a qualidade só caiu. Tentei continuar frequentando, mas não dava. Uma mania tenebrosa da boate: deixar a fila se alongar só pra parecer que tinha mais gente. Nessa, o horário da cortesia passava e o desconto não valia mais. Sacanagem, né? O dj era desatualizado, mau humorado e não se importava se a música que tocava animada a pista ou não. Ficava lá de braços cruzados e cara de mau. Por isso parei de ir lá.
Depois, ouvia comentários que só ia puta por lá, mas isso eu não sei. Mas achava estranho passar lá e sempre ter carro de polícia.

Então, se o Café Cancun fechou as portas, não foi por não aguentar a concorrência, mas por sacanear o público e não manter a qualidade. Falência merecida.


Lá em cima, foto de 10 de maio de 2005. Não encontrei uma foto da época do Café, já que nem câmera digital eu tinha (o mundo já foi pior, hein?). Mas essa com o Luiz é um bom exemplo de foto na balada. Desenterrada de um antigo fotolog, num post que eu comentei "Luiz, o Felipe, eh a melhor companhia que se pode ter em boates, festas, shows e coisas afins. Tbm eh otima companhia pra tudo mais e ate mesmo pra nada". Graças a Deus, perdi essa mania de escrever "eh". O vestido da foto e o amigo eu ainda tennho, ainda bem! =) Já do Café Cancum, ficou a saudade...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Palafitas



As pessoas sonham com um lugar assim, mas quem mora lá não está realizando sonhos. Vivem, simplesmente. A casa foi construída para suportar os alagamentos de verão, e o planejamento exagerado do velho Ern só deixou a vista mais bonita e uma impressão falsa de fragilidade. 80 anos de pé e três proprietários. As águas da praia abaixo do morro só fazem o som constante que embala a vida por ali, sem nunca terem subido pra perturbar ninguém.

Billy, o marido de Marie, comprou a casa do filho do velho Ern. Tinha morado ali a vida inteira e quis ficar mais perto dos netos na vila quando estava pra morrer. Agora já faz 30 anos que o casal envelhece ali. Ele se distrai cortando madeira de dia e vê o noticiário à noite. Ela começou a costurar depois que se aposentou do hospital. Era enfermeira e viu muitas dores, mas também embalou muitos sonos tranquilos e transmitiu a paz de maresia que embargava seus olhos aos libertos da maca. As aposentadorias cobrem as contas básicas e sobra um tantinho pra uma poupança que Billy gosta de engordar aos poucos. Com o troco que ganha costurando, Marie acabou de comprar uma namoradeira nova para a varanda do lado. É dali que ela escuta as histórias que Billy traz da cidade e ri dele reclamando da política.

Os dois filhos foram morar no continente e mandam presentes engraçados para facilitar a vida dos dois. Um cortador de legumes automático, uma furadeira mais leve e mais rápida, tocadores de música, câmeras e fotos, as únicas coisas que saem dos embrulhos para enfeitar as paredes de madeira.

Um dia desses, andando na praia, o casal recebeu uma proposta de venda milhonária da casa. Um grupo empresarial de renome ofereceu o sonho de construir ali um hotel paradisíaco, com piscinas gigantes, quartos monumentais e serviços refinados. Marie não ouviu direito, estava olhando um barco a vela que passava na linha do horizonte. Billy agora se diverte esticando o prazo pra pensar e prometendo um dia ir jantar na vila com o empresário, um menino magrelo que parece sempre sufocar pelo nó da gravata de seda.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pra ver

Com a grande repercussão do caso de sangue e penas na pracinha, posto aqui algumas fotos da cena do crime e da Belinha como coisa fofa da mamãe. Queria fazer legenda em cada foto, mas a configuração aqui ficou estranha e não consegui.





segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Ê menina, você anda preguiçosa, hein?"
Isso a tia Isabel tinha me dito faz tempo, e eu nem melhorei. Mas não é preguiça de escrever, é que ando achando meu texto meio "nhé". O que é isso? Bem... não é que ele esteja ruim, mas falta aquele toque especial, aquele feeling, a pegada textual. E é por isso que ando passando pouco por aqui. Mas vou me esforçar mais, quem sabe o tal tchan-nan-nan do texto volte com a frequência da escrita, né? Veremos.
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"A pombinha está morrendo... Coitadinha!" (moradora da Vila dos Alpes)
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Ontem fiquei surpresa porque Belinha matou uma pomba na pracinha. Causou uma comoção geral, ficamos com imagens de monstros selvagens ou mal educadas (eu por tabela, dona da criatura mortal). Mas fiquei pensando... Ninguém deveria se surpreender. Gente, cachorro é quase um lobo, o ser humano que fica achando que o bichinho é de pelúcia e é só a coisa fofa da mamãe. Caso eu estivesse sozinha com Belinha e as pombas gordas que sujam a cidade, teria morrido de nojo e repulsa, mas ia deixar a caçadora comer a caça. Afinal, ela mereceu! Correu, foi mais esperta, usou os instintos e abocanhou a presa. Mas quando eu me assustei e gritei, ela soltou a moribunda e ficou me olhando com cara de "ué".
Capaz que ela achou que eu ia ficar feliz. "Olha mãe, peguei um jantar gostoso pra gente". Porque cães caçadores (acreditem ou não, Belinha é naturalmente especialista em pegar texugos alemães e, aqui no Brasil, pacas) não destroem a presa com a mordida. Entregam fielmente ao dono e esperam o seu bocado.
Mas, por convenções sociais, deixamos a cena do crime desrespeitando aquela lei da selva que diz que o caçador só abate o que for comer (ou coisa que o valha).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pedro fez a cirurgia, foi tudo bem! =) Agora é paciência na recuperação.
Eu tô meio fora do tempo, amanhã volto a trabalhar e devo voltar ao normal. Como dizem no twitter, é isso!

domingo, 4 de outubro de 2009

Me irrita MUITO quando eu tô tentando escrever e alguém insiste em conversar comigo. Se eu tô respondendo só humrum significa que eu não quero conversar, ok? Deletei o texto anterior, não tava "fluindo" (ui).

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Não sei no que vai dar as Olimpíadas no Rio, mas me emocionei com a divulgação do resultado. Acompanhei ao vivo, torci e vibrei. Sentimentos coletivos e nacionalistas realmente me tocam. Espero que seja muito bom e espero estar lá!

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Pra informar: meu irmão quebrou a cara (levou um chute de capoeira). Esperou desinchar e vai operar amanhã pra colocar o zigomático no lugar (o osso mais alto da maçã do rosto). Tá tudo bem, ele tá bem, ficou em casa esperando e é provável que fique só um ou dois dias no hospital. Depois, vai ficar um tempo em casa se recuperando. Tô avisando porque sempre acho que quanto mais gente torcendo por ele, melhor.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Do alto

Alto Paraíso é cidade goiana famosa por uma energia misteriosa que os místicos e ets adoram. Tem até discoporto, sim, um aeroporto pra disco voador. Comunidades ditas "alternativas" pululam por lá. Junto a isso, a cidade é na Chapada dos Veadeiros, um lugar onde andar de carro pela rodovia já é um espetáculo.

Fui lá com amigos queridos e entramos numa lojinha comum nesse tipo de lugar: cristais, bonecos de duendes, pulseirinhas hippies etc. Um cartaz dizia: "Oráculo Maia", e a simpática dona da loja, Nega, nos ofereceu a leitura. Pensei que era golpe, mas era grátis e não custava nada tentar, né?

Um amigo foi primeiro e, entre as explicações que já não lembro, Nega lhe recomendou trabalhar com cura pelas mãos, que era uma forma de ajudar o universo e evoluir. Fiquei animada. O oráculo poderia me dar uma dica do que fazer da vida. Mas chegou minha vez e fui informada que minha evolução é pelo autoconhecimento.

Confesso que fiquei frustrada. É claro que eu queria uma dica mais prática, um caminho certo a seguir. Mãos, palavras, arte, números... quais instrumentos usar? Autoconhecimento é um troço amplo e vago, já que acredito que cada ser aqui carrega um universo em si. Mas por recomendação do universo ou tendência natural, venho tentando conhecer essa pessoa que sou eu mesma e muitas outras. Em uns dias tenho mais intimidade, noutros desconheço, amo, me irrito, canso, mas já vi que não posso mesmo desistir. Um dia chego a uma sintonia mais fina com o cosmos. Até lá, terapia, conversas, escritos, fotos e música vão abrindo caminhos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Saiba

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"Para o Pará e o Amazona: látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria"
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Tem uns 3 dias que tô com esse trecho de música na cabeça. Aí quando chego em casa, esqueço de procurar pra baixar "Diariamente", Marisa Monte. Acho que eu já tive o disco com essa música. O disco, gente. Calcula. Mas não sei se é alucinação.
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#
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"...saibamos pois
estamos sós."
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Marcelo Camelo canta lindamente essa constatação óbvia do mundo. Mas eu demorei a perceber. Como o clichê que minha amiga falou hoje: "a gente nasce sozinho e vai morrer sozinho". E agora que sei disso, estou apavorada. Segundo a astrologia, a aproximação dos 29 anos (O Retorno de Saturno) marca a ruptura definitiva com a família, principalmente com os pais. É claro, não estamos falando em romper os laços. Se trata de finalmente perceber que sua vida é outra e é hora de caminhar com os seus próprios pés. Eu não me sinto preparada, nunca me senti e duvido que esse momento lindo de maturidade vá chegar tão cedo pra mim.
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Para os carentes, a solução seria fazer planos com alguém, criar sua própria família, recomeçar o ciclo. Para os sabiamente evoluídos, o legal é cuidar da prórpia vida e torná-la plena a ponto de oferecer um espaço para alguém com outra vida plena, e tudo virar uma plenitude maravilhosa. Eu, que faltei umas aulas bem importantes na vida, não faço a menor idéia do que fazer..

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sopro

horas o céu ameaça... vai chover, vai chover... Mas nada por aqui, ainda. Talvez bairros mais afastados já estejam festejando as águas ou praguejando contra o incômodo, a rua molhada, a escova destruída, enfim. Mas eu ainda quero ver a chuva daqui, nessa janela grande e com esse pátio cheio de árvores enormes. A cortina de galhos e folhas faz um céu bonito, bom de ver.
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Queria três coisas: uma chuva forte, uma pista de corrida e um tênis. Belinha viria junto, cachorro faz mesmo companhia. Correr na chuva, isso parece bom. Poderia esquecer que os médicos não me recomendam exercícios de impacto, que é perigoso sair sozinha à noite e não é bom abusar da sorte de ter pulmões saudáveis em épocas de gripe suína. Os pingos gelados, o corpo quente do esforço. O cansaço, o fôlego difícil, o fim da pista, a recompensa.
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Um banho, um chocolate quente com novela. Dormir tranquila, acordar disposta. E aprender a subir e descer ladeiras com chuva, sol ou com a sem graçeza dos céus pálidos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Leve adiante

Nem tudo na vida é leveza e deixar ir, desapegar... Tem coisas boas de ficar, de se guardar, de fazer chão. Eu andei com medo de perder meus amigos. As pessoas mudaram, a turma não se configura mais do mesmo jeito, rotinas, namoros, distãncias de horário e interesses. Mas foi um medinho passageiro. As coisas vão continuar mudando, é claro. Mas quando eu encontro meus amigos, meus melhores amigos do mundo, eu sei que não é à toa, não é comodismo de ser amigos a anos que nos une. Afinidades inexplicáveis, piadas sem lógica pros outros, companheirismo e querer bem sem fim, tenho certeza. Eu amo muito os meus amigos, acho bom reconhecer isso sempre. Amo demais também a minha família, minha mãe, meu irmão, meu pai, minha irmã, minha tia... Mas isso rende outro post, então vou deixar pra mais tarde.

*

Esses dias pra tras fiquei com medo de entrar em depressão de novo. Essa doença é como uma sombra que ora te engole, ora se afasta, mas está sempre ali grudada no seu pé, à espreita. Mas não era depressão, eu estava apenas muito triste, e ficar encolhida, dormir demais, chorar um tanto é o meu jeito de lidar com isso. Não é transtorno. Passou, Deus salve a terapia, os amigos, o chocolate e o tempo, mesmo que curto, que passa e a gente consegue respirar.

*

Voltou minha vontade de revolucionar o mundo. E acho que isso se resume, por enquanto, em emagrecer, cortar o cabelo, virar uma dançarinha de verdade e passar num concurso e/ou arrumar uma forma de ganhar mais dinheiro. Ser mais organizada também viria a calhar. Essa segunda é feriado, então, terça-feira começo. Quem bota fé, por favor, envie telepaticamente pra mim. Muito obrigada!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma pedra no meio da tecnologia

Eu tinha um projeto foto/texto pra esse blog, aliás, tenho. Mas ontem meu pc, que é ótimo, resolveu ser ruim e encalhar no meio da tranferencia das fotos. Fiquei com tanta raiva que não animei a dar a volta na pedra do caminho.
Eu insito em procurar lógica nas coisas do mundo, mesmo sabendo que não há. Pensem comigo: tecnologia bluetooth. Eu não sei mexer muito bem (ou quase nada). Mas ontem, finalmente, consegui que eu pc aceitasse um arquivo do meu celular. Tava indo tudo bem, aí o ícone do treco blue sumiu. Como assim???? Sumiuuuuuuuu!!!
Aí fiquei procurando por todo o pc e descobri que o drive estava incompatível e precisava ser reinstalado. Isso eu até aceitaria se não tivesse funcionando antes! Então a droga é compatível pra 3 fotos e não pra 4, 5...? Confuso, né? Mas foi assim.

Então prometo que hoje pego o cabo, transfiro os arquvos e mostro a florada dos ipês, a folga da Belinha, o prédio cabuloso e os fogos de artifício. Aguardem hein!? Uhu

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Diário

Eu não sei se eu tô melhorando em reconhecer logo de cara ou se as pessoas chatas estão disfarçando menos suas chatices. Sei que hoje apareceram dois espécimes chatus homideos aqui, ainda bem que foram embora logo.
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Pra quem eu ainda não contei: mudei de trabalho. Saí da Agecom/Tv Brasil Central e agora trabalho da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Parece estranho a troca, já que eu reclamava, mas adorava a tv. Mas mudei por causa de um sonho dourado: final de semana livre. E mais: feriados livres. E mais? Bem, ainda estou descobrindo os mais e menos de ter vindo pra cá. Chorei um monte ao sair da tv, mas me pareceu a decisão certa por um monte de blablablás da minha cabeça. Meu coração tá lá no telejornal ainda. Foram dois anos e meio de muito trabalho, raiva e stress, mas de tantas coisas boas que doeu deixar pra tras. Fiquei feliz por ter deixado a porta aberta. Se me arrepender eu posso voltar, isso me tranquiliza.
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Ontem eu e Fernanda fomos nos despedir da Lili, amizade que não perde a validade e o gosto com o tempo que a gente fica sem se ver. Ela agora vai pra Campinas SP e pode até ser que a gente se veja e se fale mais com isso. Por que era tão difícil a gente se encontrar morando na mesma cidade? Não sei, viu. Faltou esforço das três. Mas queria mesmo dizer aqui que gosto demais de você, dona Liliane, e espero que seja lindo lá na outra cidade, junto do "maridinho". Que você arrume um trabalho bom e monte uma casa bem confortável pra gente ir te visitar! Ah, e siga o líder e vire "Liliane, aquela que se faz presente".
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Ainda não deu tempo de dar barraco com a informática e lutar por uma senha liberada no trabalho novo. Por isso, tô atualizando isso aqui por email. Chegando em casa eu leio os blogs amigos, prometo.
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Estou esperando minha amiga cobaia tomar uma tal de pholiamagra por um tempo. Se ela ficar magra e feliz, arrisco. Dizem que essa é a nova sensação do mundo "me salve da gordura!". Veremos...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Os ofendidos

foto gentilmente cedida pelo site www.skank.com.br

É estranho, mas a gente também esquece do que gosta. Dois anos sem show do Skank por aqui e acabei dando pouca atenção à banda que é muito querida. São tantas músicas que já foram trilha da minha história. Quanto eu já pulei com Partida de Futebol, que finalmente me explicou pra que serve o meio de campo! Nas festas, amigos abraçados gritando: "Vou deixar a vida me levar... pra onde ela quiser é é". As mágoas relembradas com "um dia ela já vai achar um cara que lhe queira como você não quis" (Acima do Sol). O balanço de Garota Nacional e Jackie Tequila foram um dos primeiros a embalar meu corpo da maneira divertida que danço hoje. E tantas outras que não entraram no set do show nem nas mais pedidas, mas nunca esqueci. Na passarela da minha formatura, foi a voz de Samuel cantando" Se você vai trabalhar e me deixar, que pena! Eu corro o risco tão sozinho nessa orgiva azul imensa..." (Fica).

O fato é que esqueci por um tempo, mas adoro Skank. A energia dos shows, as músicas "baladinha", as letras inusitadas, a simpatia do vocalista de sempre ter um comentário sobre o futebol daqui... Mas o que é mais legal mesmo é que meus amigos também gostam da banda, não é mais um gosto solitário que cultivo. No show de sábado, formamos um velho trio que anda raro. Não somos mais da turma do gargarejo do palco, mas ainda somos um dos mais animados fãs.

Pra me redimir com os mineiros, cometi o crime de baixar o cd. Como desculpa, tem o fato do show ter sido caro (porque ou você bebe ou fica no pior lugar do mundo) e do cd ser caro (pra falar a verdade, eu não sei quanto custa, mas baixar é de graça). Posso não ter dado o lucro da venda do disco, mas prometo que no próximo show estarei lá cantando até as músicas novas!

domingo, 26 de julho de 2009

A dádiva de não precisar madrugar amanhã

Um domingo bom. Porque superei a estranheza que esse dia geralmente traz. Escrevi umas coisas, como diria o Pablo, caóticas. Levei Belinha pra passear. E terminei esse livro aí do lado. Foi uma ótima aposta nos livros em promoção!

Sábado retrasado, estava esperando uma amiga e fui dar uma volta na livraria do shopping. Saí de lá com quatro livros e gastei R$ 33. Incrível , não? Li o primeiro: "Para sempre - amor e tempo", de Ana Maria Machado. Escrita boa, história nem tanto. Mas valeu.

O segundo foi esse, que terminei hoje. E adorei! Denso, personagens apaixonantes, momentos de medo e amor, drama bem feito e uma ótima escrita. Fica a pergunta: Leu, tia Isabel? O que achou?

Faltam dois livros agora (fora a pilha antiga): Helena, de Machado de Assis (o Einstein das letras, pra mim) e Dicionário do Séc. XXI, que comprei mesmo só pra folhear de vez em quando. Na pilha antiga e, também, recente, estão "Grande Sertão Veredas" e "Manuelzão e Miguilim", de Guimarães Rosa, e "A Viagem de Théo" (sei não o autor).

Sobre Guimarães Rosa, chorei tanto com Miguilim (com tristezas da história e o encantamento da beleza) que não estou pronta ainda pra tal magnitude. Sou assim com coisas grandiosas. Admiro e respeito, mas não é sempre que estou pronta. Já passei por isso com Clarisse Lispector. Por isso resolvi me respeitar e pedi o outro emprestado, mas estou achando chato. Só quero terminar porque é de um amigo, e acho muito feio devolver livro sem ler, principalmente quando a pessoa que te emprestou tem um carinho pela tal encardenação.

Agora de madrugada, sem a companhia das personagens que estavam comigo antes, resolvi alimentar um pouco meu quase abandonado Flickr http://www.flickr.com/photos/agatha/ e ler um pouco de blog, twitter e etcs. E relembrei também que gosto de Radiohead. Marcelo Camelo cantou mais cedo.

Amanhã começa de verdade a semana e os vários planos tomam novo fôlego. O principal é malhar de maneira regular. Vaidade e saúde, duas coisas absurdamente importantes no momento (se não for sempre). Quero decidir também, se pinto ou não o cabelo. E olha que ganhei o salão de brinde no trabalho. Estou quase certa do que fazer, só me falta ligar e marcar.

No mais, cuidar da casa, da vida, de mim e dos que eu gosto, amo e/ou preciso. Tem um ventinho de otimismo entrando pela janela e não pretendo fechar. E amanhã ainda estou livre do despertador das 7h, o que é quase uma garantia de bom humor na segunda!

sexta-feira, 24 de julho de 2009



Apesar da terapia, dos remédios, do otimismo, boas energias e etc, sempre vai chegar um dia assim: chatinho. Dia sem muita simpatia, com pouco esforço. Porque é só um dia. Amanhã deve passar. Aí se passar de uma semana eu vou me preocupar. Mas por agora não, deixa.

Hoje eu tô me sentindo deslocada. Uma pintura renascentista fora de moda. Um modelo para os museus, não para as ruas nem outdoors. Já me falaram que eu pareço as mulheres dos quadros da renascença. Mas foi há tanto tempo, que pena...

Acho chato fazer mais um post melancólico reclamando da vida. Mas isso, so sorry, faz parte de mim. E foi só hoje que consegui sentar num computador bom o suficiente pra abrir o blog. Em casa, estou evitando ligar o meu pra não agravar minha tendência às lesões. Ando lendo muito, tentando escrever um pouco, limpando casa, cozinhando um pouco, vendo amigos... Seguindo os dias que, querendo ou não, se seguem um após o outro até o infinito (ou até 2012, vai saber). Aos que ainda vem aqui, muito obrigada. Esse final de semana vou ter mais tempo e recursos pra ler outros blogs, bater papo e aproveitar o lado bom desse mundo internético. Até!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

25+


E pela primeira vez eu surtei com um aniversário. Antes, eu sempre ficava muito feliz, mas na segunda-feira passada eu quis mesmo que o dia passasse rápido. Não queria parabéns, Justificarnão queria trocar a idade. Os presentes, confesso, adorei. Peguei os abraços, as felicidades e todas as coisas boas que me deram e guardei longe das angústias.

Eu tento pensar como minha mãe. Quando alguém exclamou: "Ê, Agatha, mais um ano, hein!"
E minha mãe disse: "Ainda bem!"
É, ainda bem. Porque a vida é uma dádiva com ou sem crises de idade. E aprendi muita coisa nesse tempo, mudei, cresci, piorei... tudo que todo mundo faz com o tempo.

Mas ainda me sinto descompassada. Deveria ter feito mais, ser mais, sei lá. Eu sei, eu sei... Em muitos pontos eu tô bem para a minha idade. Mas em outros eu sinto que perdi o bonde.

Eu ainda tenho espinhas, tenho dúvidas e problemas que não combinam com uma adulta, segundo, é claro, minha opinião. Quando eu era criança, achava que ser adulta era algo tão natural como crescer e envelhecer, e ainda não me acostumei com o fato que não é automático. A seriedade, responsabilidade e segurança são conquistas árduas que eu não sei se alcanço até a velhice.

E sei que não adianta reclamar e tenho que correr atrás do que me falta. Estou tentando, pessoas, já dei os primeiros passinhos. Tenho que me lembrar do pânico de ser a "colega do lanche", uma personagem real que um dia chegou na copa do trabalho desanimada e arrastando os sapatos. A tia da copa perguntou:
_Uai, colega, o que foi?
E ela suspirou fundo e falou: _Ah, fiz 30 anos. Fazer o que?!
E eu pensei: "Ué, ou você vive ou se mata, porque aí vão dizer que você morreu jovem! "

No alto da crueldade do meu pensamento, eu não imaginava que poderia ser eu ali, daqui a pouco. Eu quero aquela e muitas outras idades. Quero viver muito! Mas preciso cuidar para renovar sempre o mesmo desânimo.


ps: Foto da vista da minha janela.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Mota


Uma notícia com um erro (provavelmente) de digitação. Homens jovens (e muito jovens) morrendo aos montes todos os dias. "O seu jornal diário com total liberdade e interatividade". Uma notícia de morte com um anúncio de uma casa de strip tease e prostituição muito bem frequentada pelos magnatas. Erro de frame dos navegadores defasados (dos computadores e sistema de informática defasados) da Agência de Comunicação do Estado. Isso também é Goiânia!

segunda-feira, 29 de junho de 2009




* Vontade de mudar. Não de casa, por agora não. Me mudar. Ser melhor, fazer coisas diferentes, parecer diferente... Hoje vou arrumar e rever meu guardarroupas (ê reforminha ortográfica feia). Em tempo: aprender a valorizar os pontos fortes do meu corpo (do jeitinho que ele é), ao invéz de só tentar esconder os defeitos.

* Foi lindo, gente! Dancei esse sábado, deu tudo certo, família e amigos acharam lindo, aplaudiram, fomos comer pizza para comemrorar meu talento! hehe Depois coloco umas fotos aqui.

* Agora que passou a dança, preciso fazer algo com o resto do ano e, ai ai, como resto da minha vida. Estudar pra um concurso melhor, cuidar da saúde, malhar direito, planejar viagens... Aproveitar a vida, né?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Atraso e trânsito. Conspirações no trabalho. Pesquisas médicas. Vontade de ir embora quatro horas antes do horário. Enrolação e fome sem almoço. Ou seja, uma segunda-feira que começou bem normal. Acho que o processo foda de mudar de casa, mais outras constatações óbvias da idade e da vida, demoram um tempo pra virar texto. Sou uma pessoa de digestão lenta. Comida e sentimentos demoram a ser processados.
Pesquisei hoje sobre problemas de pele são relacionados com problemas de digestão. Aí, meu filho, só Jesus na causa. É preciso um reconfiguramento total, um boot no meu sistema emocional. Já aprendi a lidar melhor com um monte de coisa, mas poupar meu estômago de tudo me parece um tantinho impossível. Vai que eu consigo ser uma velhinha zen... Mas tenho a plena consciência que meu aprendizado de vida é longo. Andemos...

domingo, 31 de maio de 2009

Balanço

Segunda-feira de madrugada, oficialmente. Mas é que acabou o Fantástico e eu não queria ir dormir. E a Globo juntou umas cantoras pra cantar Roberto Carlos e por que eu me senti obrigada  a ver isso? Eu não sei... Eu não gosto de Roberto Carlos. Meu rei ainda é indefinido. E, pelo amor de Deus, quem merece a Hebe Camargo? Que me perdoem os gente fina, mas esse sobrenome no meio artístico não costuma trazer coisas boas...
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Essa semana teve momentos difíceis, teve plantão no sábado, vagabundagem nos exercícios e uns fracassos internéticos, mas... Não foi uma semana ruim. Porque eu dei conta de um monte de coisa. Dei uns passos importantes pra melhorar de vida (tipo tentar uma terapia e alisar o cabelo). Ajudei pessoas que amo. Dei dicas por telefone e etc. Então foi boa, sejamos otimistas.
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Alguém aí sabe como eu faço pra esquecer um problema que eu daria tudo pra resolver, mas não depende de mim?  Como eu deleto? Como eu me conformo? E meu inconsciente fica elaborando sonhos e eu acordo fazendo besteira. Merda, viu? Uma amiga parou de falar comigo. Não foi com o mundo todo. Foi comigo. E eu até desconfio que o motivo seja um mal entendido por aí, mas não faz sentido ela me odiar de tal forma a não querer me ver, não querer falar comigo nem por chat, esquecer que eu existo. E não faz sentido ela me condenar a isso sem ouvir minha versão ou sem ao menos me acusar. O que eu fiz? Eu não tenho direito nem de pedir desculpas? Não é pelo seu problema que eu quero estar perto de você. Eu sinto sua falta. Eu sofro com isso, mas não tenho direito de exigir nada. E nem posso fazer nada.

Eu já deveria ter esquecido, deveria ter parado de sofrer. Mas eu sinto sua falta, penso em você todo santo dia. Tenho raiva das pessoas que podem te ligar, podem te ver e não vão. Enrolam, esquecem... É um direito de todos e eu já fui dessas, eu sei. Mas você me excluir da sua vida dói tanto que eu não consigo suportar. 
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Me desculpem os meus leitores por mandar um recado pra uma pessoa que eu sei que não vai ler, mas eu precisava escrever. E boa semana a todos!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Wardah Festival 2009

Empolgada, empolgada, empolgada!
Até o dia 27 de junho, eu vivo pra dançar. Jornalista? Também. Mas, principalmente, bailarina!
Acordei de mau humor no domingo, mas tudo mudou depois de 2 horas de ensaio. Estava nervosa porque não sabia ainda as duas coreografias, mas levei a câmera, filmei o ensaio e agora fica mais fácil aprender a coreografia com o material audiovisual em casa.
No festival desse ano, vou dançar duas coreografias. Estava apaixonada por uma e a outra era apenas legal. Mas ontem percebi que essa "legal" é maravilhosa. Além de linda, é tudo que se espera da dança do ventre. Tem todos os passos que o público espera. E é uma delícia de dançar.
Então ninguém sai insatisfeito: um prato tradicional e um exótico no cardápio do espetáculo. Estão todos convidados!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ora pois, que raios de mulher vocês pensam que eu sou?! Se desse pra aproveitar e ser feliz com o cara que descrevi no post anterior, eu não estaria reclamando! O problema é justamente que ele provoca, provoca, mas na hora H... foge da raia!
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Gente, de duas uma. Ou eu nunca mais paro de malhar ou não começo a malhar nunca mais. Porque ficar toda dolorida e sofrer pra entrar no carro, sair do carro, pegar a bolsa, andar, levantar, rir, levantar o braço... Ninguém merece!
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Evolução: consegui dormir cedo e acordar cedo hoje. Só falta conseguir me arrumar em tempo hábil pra chegar no trabalho antes de estar oficialmente atrasada. Step by step...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Saber do perigo não te previne dele

O injusto é que ele não está mais pensando em mim, nem deve saber que abalou toda a minha tarde (sendo otimista) e, provavelmente, minha semana. Eu sei que ele não estava fazendo um jogo específico pra mim. Sei que aquele olhar enfático e aquele charme todo não são armas de conquistas. Para ele, é tão natural quanto respirar. É brincar com dardos sem lembrar dos alvos atingidos. Sei que tudo ali é uma combinação mortal, calculada com ou sem consciência, mas com uma eficiência assustadora. Sei que o mesmo efeito que causa em mim causa em todas. E que um pouco de atenção não é um privilégio exclusivo que ele me concede.

Eu já parei de pensar nele todos os dias e o tirei do meu altar de adoração. Destruí os ideais românticos causados por aqueles olhos nos meus. Parei de sonhar e analisei friamente a realidade. Sei que, sem querer ou não, ele é um canalha filho da puta. Que adora a cara de boba que todas fazem. Que usa os corações partidos pra inflar seu ego. Que coleciona admiradoras. Sei de tudo, eu sei. Mas toda vez que o vejo, uma única certeza grita em meu peito : Eu quero ! Eu quero ! Eu quero !!!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

41 x 1 x ?



Hoje completei 40 árvores no Click Árvore http://clickarvore.com.br
No começo, essa paisagem aí era apenas um morro deserto, com sol insólito. Hoje já pode ser considerado um bosque, hein? Se estivessem todas juntas, já era uma pequena reserva. Mas funciona assim: eu vou lá no site e os patrocinadores doam 1 árvore para os projetos de reflorestamento pelo país.

Uma vez peguei uma muda que um shopping estava distribuindo e doei pra uma pracinha aqui perto do trabalho.

Eu não lembro de ter plantado alguma árvore pessoalmente (os feijões no algodão na escola não contam, né?), mas meu ativismo online e minha plantação indireta na pracinha já valem né? Indiretamente, já plantei 41 árvores. Escrevi um livro (que foi publicado por mim numa impressão caseira e encadernado numa xérox qualquer. Depois, foi passado de mão em mão entre família e amigos, um sucesso de público e crítica). Agora só falta o mininu.

Consegui não entrar em crise ao saber que uma pessoa está grávida e com a visita fofa da Fernanda com o João Gabriel. Mas estou absolutamente triste com os homens. Triste mesmo, cansada. E me disseram que a culpa é minha e deve ser verdade. Na falta de destreza, irmãs, oremos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quase maio

Está mais forte o sentimento de que há mesmo uma força universal que me protege. Confio, confio. Ora em Deus, ora no cosmos, ora no destino... Mas sempre confio. E essa força universal se manifesta sempre através da minha mãe. Ela tem todo o direito e razão de brigar mais comigo, mas me apóia e me tira de cada sufoco! Não sei o que seria de mim sem ela.
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Mãe, se você ler isso aqui, muito obrigada por existir!
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E continua minha busca por equilíbrio, principalmente na balança. Fiz um regime que todo mundo faz numa boa, mas eu não podia, claro... Passei mal horrores e continuo meio intoxicada. Não era nada radical, tipo só comer acerola e lanranja. Proteinas, gente, só proteinas.
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Depois do fracasso desse método, volto à batalha diária de saber comer de uma maneira decente que não me engorde e, de preferência, me ajude a emagrecer. Vou dançar em junho com a barriga de fora, socorro!!!
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E gente, não precisa me sugerir fazer exercícios físicos. Eu faço o que eu posso, e tem sido pouca coisa por causa do joelho. Não vamos entrar em detalhes. Eu era uma feliz rata de academia antes da ladainha fêmuro-patelar.
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Enfim, mais uma semana começando e tentarei manter o bom humor que acordei hoje. Preciso colocar umas coisas em dias, consertar a balança, lavar o tênis, comemorar aniversários e esperar as decisões que não me cabem mais. Mas acho que vai dar tudo certo.
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Boa semana, meu povo!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Onde vende Bom Senso?

Eu tenho que aprender a encarar um fracasso como apenas um fracasso, e não como a falência total como pessoa e da vida inteira. Eu sei que eu sou muito dramática. Eu tô tentando mudar, gente, eu juro!

Hoje a noite, daqui a pouco, as alunas do Inter II da Dança do Ventre apresentam coreografia própria pra comemorar o fim das aulas e o início dos ensaios pro Festival. Não era obrigatório montar essa coreografia, e eu fui uma das mais entusiasmadas com a idéia. Só que eu não consegui.

Aí eu poderia me dar um desconto porque estava enlouquecendo com outras coisas importantes e não tive paz de espírito nem inspiração suficientes e tudo bem eu não fazer essa coreografia. Estou tentando me convencer disso e ainda tenho 1h e 10 minutos pra conseguir.
Ninguém tem idéia do quanto é cansativo ser eu.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Acordo

Ela se olhou no espelho do elevador e retocou o batom. Precisava parecer um pouco mais alegre, precisava tornar a máscara da mulher bem resolvida convincente. "Sem ressentimentos, Marco Aurélio, sem ressentimentos. Claro, podemos ser amigos", repetia mentalmente a frase para ver se poderia se tornar um pouco mais verdade.

Mas era impossível não ver que Nara estava triste. Subir de novo naquele elevador era doído demais, e não fazia idéia de como seria ir até o sétimo andar, parar em frente ao 704 sem chave e tocar a campainha. Lembrou-se do dia em que ele lhe deu a cópia da chave, lembrava de ter entrado ali nos braços dele, das sacolas semanais de supermercado, das vezes que tocava a campainha pelo simples prazer de levantar a dúvida do "quem será", lembrava de tudo.

Parou à porta e pensou em descer correndo as escadas, mas respirou fundo e tocou a campainha. Nada. Tocou a segunda vez desejando ardentemente que nada continuasse, mas ele veio correndo e abriu a porta de toalhas. Ficou surpreso ao vê-la. "Você?", a expressão de total desentendimento era pior que uma surpresa desagradável.

_Você esqueceu?

_Ah, desculpe Nara, a gente tinha marcado?

Aquilo doeu mais que a separação. Marcaram há uma semana o encontro para assinar os últimos papéis que diziam deles marido e mulher. Ela passou a semana se preparando para isso, duas sessões de terapia, conversas de apoio com os amigos, artigos de revista e até um programa de tv que achou encorajador. E ele esqueceu.

Falando muito baixo para não demonstrar a confiança desmoronando, ela disse muito baixo:

_Os papéis.

Ele bateu na testa e pediu mil desculpas: Entre, entre.

Sentou como visita naquele sofá que ela comprara enquanto ele se apressou para vestir uma roupa. Devia estar entrando no chuveiro quando ela chegou, pois estava suado e com o cabelo em rebeldia.

Voltou pouco depois com uma bermuda e camisa amassada. Sempre tão desorganizado, como estaria se virando sozinho? Olhou ao redor e viu que a sala estava impecavelmente arrumada. Tinha um cheiro bom. Seus objetos estavam nos mesmos lugares. A decoração era exatamente a mesma e Nara imaginou que ele sempre gostou mesmo daquilo tudo e por que desmancharia uma sala tão bonita? Devia servir para encantar as mulheres que ele levava para lá. Seu apartamento virou um matadouro. Vacas, piranhas, cachorras... as imaginava entrando ali e aceitando um drinque. Ele falava qualquer coisa que ela não estava ouvindo, separando os papéis de uma pilha... a rescisão de contrato com o banco, a transferência do carro que ficara para ela, o acordo sobre o apartamento, algumas correspondências sem importância, um financiamento de uma chácara que ele agora iria assumir... enfim, o fim.


Ele juntou a pilha e colocou na mesinha na frente dela. Saiu para buscar uma caneta, ainda tão desconcertado com a presença dela ali que não achava nada com facilidade. Ela perguntou, tentando ser casual:

_Não está trabalhando hoje?

Ele ficou ainda mais perdido. _Me atrasei agora à tarde, daqui a pouco vou lá.

Ela não teve o trabalho de imaginar com que ele se atrasara, tinha mais coisas para sofrer no momento.

Quando finalmente tinha a caneta e Nara se preparava para assinar os papéis, ouve uma voz lá de dentro: _Amor, viu meu celular?

E uma jovem estonteante entra pela sala seminua e ainda suada. Pior que o choque de ver o motivo de um atraso para o trabalho foi ver a intimidade que ela tinha na casa. Procurava nas gavetas e por cima da mesa, quando entrou no sofá, viu Nara e fez aquela cara de "Ué?". Marco Aurélio perdeu a cor. A moçoila pediu perdão, que não sabia que ele tinha visitas, que voltaria ao quarto, com licença, até logo, tchau.

Nara estava estática. Teve medo de começar a chorar, mas não precisou se controlar. Era um baque surdo que atingia seu estômago e a deixou paralisada. Levantou devagar e andou pelo ambiente. Não tinha notado os porta-retratos com o novo casal. Foi à cozinha e a comida era toda light diet naturella. Dela. Um batom jogado, uma bolsa ao acaso. Ela morava ali.

_Me desculpe, Nara, eu não queria que você tivesse visto isso. Não queria magoar você, poderia ter sido mais sutil.

Ela escorregou numa cadeira e falou: Tudo bem.

Ele se apressou: _Toma uma água, vai te acalmar, me desculpe.

Deu a ela o copo gelado e correu ao quarto, não para brigar pela inconveniência, mas para falar desculpa amorzinho, pensei que fosse ser mais rápido, te deixei esperando, beijinho, beijinho, já volto, te amodoro princesinha.

Encontrou Nara de pé no meio da sala de estar. Tinha uma faca na mão.

_Calma, Nara! O que é isso! Você não vai fazer nenhuma loucura, não é?

Ela indicou com a faca uma poltrona: Senta aí.

Trêmulo, ele obedeceu.

Ela pegou um objeto na estante. Caro, refinado, de bom gosto.

_Eu comprei isso aqui.

E pá, no chão. Ele tremeu e falou: Narinha, o que é isso?

_Narinha é sua avó e você vai ficar calado.

Pegou outro objeto e de novo pá. Pá pá pá pá pá. A estante inteira.

Ele quis correr, mas teve medo.

_Você deu uma desculpa esfarrapada de crise existencial pra acabar um casamento de oito anos e tem uma vagabunda da minha casa? Desfrutando da decoração que eu fiz? Do conforto do meu lar?

E destruiu a sala numa velocidade assustadora, quase ninja. Marco Aurélio correu pra acalmar seu benzinho assustado e pensaram em ligar para a polícia, mas ela tinha cortado o fio do telefone. O porteiro, mas o fio do interfone também.

O celular dele estava mais perto de Nara, era muito arriscado. O dela ela não achou.

Nara encarou o casal e mandou: Sentem aqui e fiquem quietos. Suas vidas não correm perigo.

Em pânico, obedeceram.

Ela foi à cozinha e quebrou tudo o que pode lembrar que ela mesma comprou, os pratos que lavou durante anos, a panela de fazer a farofinha do maridinho virou aço inox pela janela!

E quebrou no banheiro, no quarto e corredor tudo que ela tinha posto ali para decorar e ser útil ao lar feliz que achava ter construído.

Deixou o resto porque estava mesmo velho, e ela não queria mais os lençóis que dormiram abraçadinhos e não queria mais nada além do dinheiro dele. Uma viagem, uma lipo, um amante. Ele ia pagar tudo, jurou.

Voltou à sala ele estava explicando para o 190 o que estava acontecendo. Ela pegou o celular dele e jogou pela janela. Ainda viu de relance que a foto na tela era dos dois juntinhos.

_Escute aqui, imbecil: eu não assino papel nenhum e você agora fala com meu advogado. Prepare o bolso. Quero até o último centavo.

Saiu batendo a porta e teve uma crise de riso no elevador. Foda-se a terapia, foda-se o consolo dos bons amigos. Ela agora era vingança, ganância e sede de viver. Isso merecia um Bloody Mary. Libertador.


*texto de outubro de 2007. Reencontrei por acaso. Minha tia adorou =)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Semana Santa

Paulo Biagi, coordenador do programa Brasil Sem Homofobia, morreu ontem em um acidente perto de Sobradinho, entorno de Brasília. Para fazer uma nota divulgando o ocorrido, fui pesquisar sobre Biagi e achei o site da campanha. Tem um formulário que você pode assinar em apoio ao Projeto de Lei 5003/2001, que torna a discriminação crime. Apoia? Vai lá: http://www.naohomofobia.com.br/

Ando meio cansada das idas e vindas absurdas de Lost, mas o episódio 12 da 5a temporada realmente prendeu minha atenção e fiquei tensa mesmo depois que acabou. O roteiro complicado me cansa um pouco, mas ainda tira meu fôlego.
Medo, medo do Ben. O cara não presta, mas é tão power convincente que lá vai a negada atrás dele de novo. Agora tô esperando o episódio 13, claro.


Chocolate terapia, banho de lua, seriados, sono, sonhos, amigos, família, festas, álcool, frutas, bacalhau, cinema, televisão, conversas, livros, pesquisa médica, possíveis soluções, problemas, descanso e um pouco de trabalho. Sim, foi um ótimo feriado.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Acostumada com os parasitas do trânsito, principalmente numa segunda-feira de manhã, vi um carro à minha frente hoje que dirigia como o meu ideal. Ok, o carro não dirigia, mas todo mundo entendeu. Por coincidência, o tal carro fazia o mesmo percurso que o meu e foi abrindo os caminhos (porque aqui ninguém lembra de não fechar cruzamentos). Maravilhada, pensei: "obrigada, amigo!" e enviei um monte de energias positivas, até me questionar: "Será homem?" Era.

Logo depois, um carro atrapalhava todo mundo fazendo curvas erradas e freando em momentos impróprios. O preconceito provoca: "aposto que é mulher!". Sim. Mas um detalhe mudou tudo para mim: ao lado dela, um cachorro operado. Um simpático rotweiller com aquele imenso cone na cabeça.


Enquanto um homem esperto cruza com destreza as ruas da cidade, uma amiga leva com um cuidado atrapalhado um cachorro para casa. Entre os dois, tô com você, amiga!

A semana começa com uma ótima notícia: Débora Secco está proibida de fazer novelas até 2010! Isso porque a moçoila tá reservada aí pra uma novela mais adiante. Sei que um ano é pouco, mas já é um alívio. A atriz está entre os mistérios do mundo que eu, provavelmente, jamais entenderei. Péssima atriz, papéis chatos, não passa nem perto de ser uma beldade da beleza, incentivando cada vez mais a magreza extrema... Então por que, por qual razão a dona tem espaço na mídia? Vai enterder esse povo brasileiro...


E por falar em novela...
No Brasil, é cult ver seriados gringos, mas é brega ver novela. Quando entrei na faculdade de Comunicação, morria de medo de falar de gosto de novela. Mas logo tomei coragem e assumi que sim, eu adoro um bom folhetim. Mamãe, que é doutora em Artes, defende a novela e fala que é seu o momento de higiene mental.
É graças à Caminho das Índias que me sinto mais participante da sociedade. Depois de muito tempo excluída por não ver Duas Caras, A Favorita e Big Brother, voltei a opinar nas rodinhas de conversa quando Raj e Maya entraram no ar. Não adianta nada saber de política e economia quando não se faz idéia do que é uma firang.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Volts

Eu ouço muito o que os outros me dizem sobre mim. Ultimamente, ainda mais.
Um amigo me disse que reclamo muito da vida e é verdade. Por isso deletei o que tinha escrito aqui antes.
O outro me disse que eu sou muito tensa, "travada, né?". E eu queria ter dito que sim, eu sou, mas ele também força a barra. Não é todo mundo que gosta de falar sacanagens no msn, dá licença?! Eu sou tensa em um monte de coisas necessárias ou não, e meu exercício diário é tentar equilibrar isso. Minha mãe já me disse com uma cara muito séria: "Você É tensa". Tenho dificuldade pra deitar e dormir, embora praticamente desmaie de sono em lugares impróprios. Eu destruo meus dentes e mandíbula com a tensão e mantenho a cara de paz e amor. Mal respiro quando tenho um problema, mas sou desleixada com casa, quarto, cabelo...
Aí por causa do outro, fui perdir a opinião de um amigo:
_Você me acha tensa?
_Não, você é bem relax. Não tanto quanto eu, mas quase no meu nível.
_Ih, isso não me parece bom...
_Tá me tirando, Agatha?! Ser relax é muito bom. Então é bom você ser assim.
E agora eu não sei mais nada.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Plano


Um avião que a poucos metros da entrada do shopping. Pessoas a poucos passos. Vidas salvas por um triz tão pequeno que só pode ser milagre. Minha cidade na rota da loucura global de aviões sequestrados. Podia ter sido pior, mas foi grave o suficiente para assustar.

Como parte da imprensa goiana, quero dizer que não estou perseguindo Érika Mota, mãe de Penélope e viúva de Kléber, personagens da tragédia que deixou todo mundo aqui com a aterrorizada e incrédula cara de "como assim?!". Nas notas que divulguei sobre o caso, procurei manter o respeito à família e ao público que procurava informação, e não espetáculo.
Questiono sempre o papel da imprensa e muitas vezes tenho vergonha do que publicam por aí e, principalmente, por aqui. Vergonha imensa da falta de noção e vergonha na cara. Eu estudei jornalismo, ponto pra mim. Eu penso antes de falar, outro ponto. Eu penso muito antes de passar uma informação para o público. Seria uma vitória se isso contasse alguma coisa... enfim.
Nos dias depois da tragédia, sigo as notícias de investigação do caso porque, é claro, queremos a falsa segurança de isso não pode acontecer de novo. Diferente dos abutres, faço parte do grupo que não gostou da notítica quente que colocou Goiânia em destaque no mundo todo. Com o acidente e cada detalhe que descobrimos, ficamos tristes e assustados.
ps: Cacau, eu sei que você não estava me acusando. Seu texto só me inspirou a escrever esse.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Por onde andei?

(e alguém me procurou?)


Fui cortar o cabelo ontem, coisa que não fazia há muito tempo. Meu cabelo foi crescendo e perdendo tudo... a forma, o brilho, a saúde e a dignidade. Eu fui perdendo a paciência de disfarçar os genes louquíssimos que formam tal massa capilar e meu secador e minha chapinha bocejam de inatividade. Mas tudo mudou!


É!


Apesar de ter feito o mesmo corte de quase sempre, mudei minha cara de "esqueci que sou mulher" pra "mocinha que se cuida e se ama". Tudo bem que não foi só o cabelo, a maquiagem ajudou.
Foi só quando a Laila quis ir no salão que percebi a minha necessidade de ir lá. E ontem, sentada enquanto Carmelita dava um jeito na bagunça, me perguntei quando eu fiquei tão descuidada. Parece que eu andava dormindo. Eu não sou vaidosa? Não me sinto mal em andar por aí com o cabelo desleixado? Não tenho vergonha? Sim, sim, sim! E como eu não fui no salão antes?! Queria saber...
(Laços de Família)
Esses dias tava rindo de uma piadinha do Zé, quando o Juninho falava sobre cabelos.
_Meu cabelo já te xingou? Te bateu? Te faz algum mau? Então me responde: Por que tu diz que meu cabelo é ruim?!
Adoro.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Hora do Planeta

A questão, meu povo, é que eu não consegui inserir aquele box "A Hora do Planeta" (post anterior) de uma maneira decente e fixa na estrutura do blog. Anos e anos de internet e alguns anos de blogs e eu NUNCA APRENDI, tá?

Então olha só: próximo dia 28 uma galera do mundo vai desligar as luzes pra pensar no planeta em que vivemos e, a saber, é o único disponível pra gente morar. Então se você odeia as eco-coisas, so sorry. Mas se vc acha o máximo uma mobilização mundial, vê lá no site se vale a pena se empolgar com essa. Até dia 28 decido. E quem sabe até lá aprendo algo sobre html.

Hora do Planeta 2009.

Hora do Planeta
8:30PM Saturday 28 March 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

Astrologia



Eu tinha parado de ler e acreditar em horóscopo. Não por desaceditar na astrologia, a falta de crédito era dos sites e jornais. Aí uma amiga me falou do Esotérico do Terra. E agora leio as previsões para meu signo e ascendente todo dia. Se for tudo falso, tudo bem. Os conselhos são muito bons. Em uma semana, o horóscopo já me sugeriu parar de procurar pêlo em ovo, buscar mais minha espiritualidade, ficar perto de amigos queridos e manter os pés no chão. Por astros ou bom senso, tenho tentado seguir.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pedidos de Natal para uma quarta-feira

* Delivery do meu leite de soja com maquininha de cartão de débito
* Casa auto-limpante
* Confort food que não engorda
* Colo da mamãe
* Um filho, um marido, sei lá... outra vida
* Mais esperança no futuro
* Determinação em cápsulas
* Vento aqui na sala ou internet lá no vento
* Delete das memórias ruins que andam me assombrando
* Tecla sap pros sonhos
* Conversar com a Lídia
* Uma companhia pra um vinho na varanda

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bem-humorada e mais magra ou mais magra e, consequentemente. bem-humorada? Não sei, mas também não importa. Até no trabalho, já estou em clima de carnaval. Não pela folia, mas pelo relax. Meu horóscopo falou que não estou dando as cartas neste momento, então tá bom. Senta, respira e aproveita a vista. Ok, ok!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

De terça pra quarta-feira

mas aí vem a vida. e você se vê no tal momento em que não sabe como fez tanta coisa errada, não sabe como chegou a esse ponto e sabe que tem que mudar, mas não consegue levantar pra ir pegar um copo d'água enquanto sua boca amarga. você até ligaria pra mais amigos pedindo socorro, se não achasse ridículo fazer isso de novo, depois que todo mundo ficou aliviado quando aquela fase ruim passou e você parecia, oh meu deus, tão bem!

mas tem dias, tem fases lunares, tem hormônios e tem um monte de coisa que você não sabe lidar. Tem a idade dos documentos que não combina com a do seu cérebro. Tem a sensação de cansaço. E mesmo sabendo que é você que faz seu mundo girar, queria que alguém viesse te resgatar.

e esses dias você se permite odiar o filho da puta que partiu seu coração e pisou no restinho de fé que você tinha na magia do amor. você não pode se culpar por não ter sido brilhante hoje. por não ser forte. e se desculpa de não ter saído, mas você só quis poupar seus amigos desse drama todo. hoje você não ia conseguir rir de verdade. e você sabe muito bem o valor de um sorriso de verdade, de uma gargalhada, da barriga doendo quando a graça nunca termina.

você não foi no supermercado e nem na padaria, que é do lado. Não é sua culpa que a outra padaria não tinha pão integral. Você fez os exames que o doutor pediu e lavou a louça. Não piorou a situação no trabalho e não comeu nada de errado. Então tá tudo bem, foi só um dia ruim.

vá escovar os dentes e reconheça as dádivas que tem. o amor da sua mãe que nunca falha. o telefonema inesperado de quem você achou que não se importava. a ajuda preciosa da sua melhor amiga. os olhos sábios e o carinho da que chamam de irracional. a cama grande que vai te acolher e a capacidade de sonhar, mesmo que não seja agora.

boa noite!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

De luz e de sombra

Quando Miguel Torremolinos quase matou Lorraine Feitosa, todos concluíram o óbvio e ficaram aliviados quando ele saiu da cidade. Mas a verdadeira história foi conhecida apenas por uma pessoa além do quase assassino e sua vítima.
Quando souberam do crime, a memória daquele janeiro há dois anos estava muito viva. Lorraine Borges abandonou Miguel por se apaixonar por Antônio Feitosa. Casaram-se 6 meses depois, restando ao abandonado horas escuras e um pesar que parecia interminável. Ao ser deixado, Miguel gritou, esbravejou, implorou a sua amada que ficasse, que a amava mais que tudo, que faria até o impossível e ela foi irredutível. Estava apaixonada por outro, me esqueça Miguel, siga sua vida!
_Não há mais vida, ele a disse por final. Assim se falaram pelo que parecia a última vez.

Lorraine foi agarrar sua felicidade e Miguel se arrastou pelo tempo, chorando, mal comendo, pouco falando, carregando aquele pesar como uma cruz. Até que, aos poucos, foi voltando ao rapaz calmo e alegre, embora sem aquele brilho e vitalidade típicos da juventude.

Foi Lua Clara que lhe iluminou de novo a vida, jogando seus raios de amor com resignada paciência até lhe amolecer a couraça da desilusão. Começaram a namorar e ele parecia finalmente feliz depois de todo esse tempo. Faziam planos, piqueniques e eram a coqueluxe da cidade. "Que casal bonito!" "Ah, Miguel, como é bom te ver assim!"
E os dois seguiam de mãos dadas e corações cheios.

Lorraine ficou sabendo das boas novas e se disse aliviada, enfim ele me esqueceu. Mas aquilo mexeu com seu ego, pois perdera o posto de para sempre amada. Estava feliz como Senhora Feitosa, sim. Mas ter um eterno apaixonado era um luxo que acostumou-se a ostentar.

Mesmo se a cidade fosse grande, é certo que o mundo é pequeno e os ex-namorados acabaram por se encontrar casualmente. Miguel voltava para casa pelas margens do bosque e Lorraine saia da casa de uma tia. Pararam, se olharam e ele concluiu que a educação era suficiente para segurar a pontada da dor que andava esquecida.
_Bom dia, Lorraine!
Sem calcular a medida da maldade, ela se armou de seu melhor sorriso, aquele que sempre o fez fraquejar nas pernas:
_Bom dia, Miguel. Que bom te ver!
_Digo o mesmo. Como vai?
Sim, ele ainda se abalava, mas um pouco menos do que ela esperava.
Conversaram um pouco sobre amenidades, as famílias e o cotidiano. Como ele ameaçava se despedir, ela não pode perder a chance e provocou:
_Soube que você está namorando e incrivelmente apaixonado.
Conhecendo bem aquele tom, ele fechou a cara e foi sutilmente ríspido.
_Sim, estou muito bem com ela. Espero que você e seu marido estejam felizes.
_Ah sim, obrigada. Não vês, Miguel, eu te disse...
_Perdão... como assim?
E com um afetado jeito debochado, ela falou:
_Eu te disse que você estava exagerando quando terminamos. Que dramático você me dizer "não há mais vida"!

Muitos nunca se conformaram de só poder imaginar o início dessa conversa. O desfecho virou um clássico da cultura local que cada testemunha tratou de acrescentar detalhes exclusivos. Enquanto esganava Lorraine, Miguel gritava enlouquecido palavras confusas. Entre elas, puderam entender "como ousas, vil desalmada" e a promessa de que ela iria conhecer o inferno. Muitos diziam que foram proferidos os nomes mais feios do mundo. Era mesmo difícil entender algo com ele aos berros, ela grasnando e outras pessoas que gritavam em vão que ele a largasse e, ao não conseguir, "socorro, acudam!" Foi com a força de quatro homens que livraram Lorraine da morte e Miguel da cadeia.

Quando os separaram, Lorraine custou a respirar, mas juram que haviam um quê de sorriso em seus lábios. Ao desistir de se queixar com o delegado, parecia ter algo a mais que bondade em seu gesto nobre.
Arrasado e jurado de morte, Miguel arrumou suas malas e fingiu não ouvir as acusações que lhe gritavam. Profundamente envergonhado de si, procurou Lua Clara esperando sua condenação, mas ela ouviu toda a história e, muito calmamente, juntou uma trouxa e segurou a mão do amado. Nunca mais foram vistos, mas por cartas mandava sempre boas notícias.

Lorraine ficou famosa na cidade. Alguns diziam ver as marcas das mãos de Miguel em seu pescoço por anos, outros diziam que a violência do amor lhe engrandecera. O certo é que a paixão violenta lhe deu status de musa, e até seus netos a olhavam com uma admiração nova quando ouviam a história. De vez em quando, a viam pensativa e suspirando "coitado", mas ninguém lhe pedia explicações. Sua alma dramática fora alimentada por uma vida e sua plenitude não podia ser descrita por palavras, apenas percebida com o olhar.