quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência com vassouras


Na última terça-feira, minha faxineira me deu o bolo. Marcou, não apareceu, não ligou nem atendeu meus telefonemas. Ultimamente, achei que ela andava de má vontade comigo. Não fazia mais graça, reclama um pouco do serviço, enfim, com o bolo desisti e resolvi arrumar outra. 
Liguei pro meu amigo que tem uma faxineira ótima, levemente sonsa e que cobra barato. Como era de se esperar, ela não tem vaga. Segunda tentativa, conversei com uma faxineira que, claramente, não quer trabalhar. Falou que era pouco o que eu ofereci, falou que não faz isso, não faz aquilo, perguntou quantas malas minhas roupas pra passar dariam. Como eu não estou afim de converter baldes de roupa limpa em mala, desisti de convencê-la a fazer uma faxina. Falei com mais meio mundo de gente, mas nenhuma possibilidade apareceu ainda.
Aí o espírito da super mulher que faz release, abençoa casamentos,  debate com médicos, instala internet, conserta roupas e mais algumas proezas, resolvi limpar a casa eu mesma. Descobri que meu sistema imunológico está incrível, minhas células de defesa montaram fortalezas no meu corpo. Com esse clima seco do Cerrado e a falta de uma vassoura por semanas, é inacreditável eu não ter ficado ao menos resfriada com o tanto de poeira acumulada. 
Varri, passei pano, separei lixo, troquei roupa de cama, lavei varanda e só não ponho roupa na máquina pra lavar porque: 1 - não tem espaço pra guardar roupa limpa; 2 - já é quase meia noite (fazer faxina sob a luz do sol é pedir demais pra uma notívaga); 3 - animação pra passar roupa é outro estágio de vida que ainda não alcancei. 
Agora, com a casa limpa, vem o cheirinho de limpeza e a satisfação de um trabalho bem feito, né? Não!
Espírito de Amélia eu não recebo. Mesmo bem disposta, eu mesma jamais me contrataria pra faxineira. Apesar de limpo, meu chão não ficou radiante como merece. Sobrou sujeira nos cantos que não consegui tirar com a vassoura. Ainda não limpei a cozinha e quero chorar só de olhar pra lá. Amanhã procuro minha faxineira com flores na mão, peço perdão por qualquer ofensa, dobro seu salário e canto: "Não me abandone jamais!"