quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Purificação
Eu, a mulher sonhadora pela qual você se apaixonou um dia
O filho que tentamos, mas nunca foi fecundado
A casa no campo muito maior que nossas contas bancária poderiam suportar
Já morremos, acabamos
Sobrou de mim uma senhora pragmática cuidando de muitas vidas, menos da sua
Sobraram fotos de piadas que você esqueceu e eu já não acho graça
Ficaram os amigos em comum, divididos entre a velha triste e o jovem senhor animado
Ficou um terreno estéril de onde nada mais virá
Não venha nos dizer adeus
Eu, o apartamento no centro da cidade, o cachorro manco, os vinhos guardados... envelhecemos todos esperando uma grande celebração, um dia ao sol, uma alegria plena e um lugar nos seus sonhos
Talvez estejamos mesmo melhor sem você
Mais dignos, com um olhar endurecido menos desconfortável que os ares de pedinte de outrora
Vá, viva o que lhe resta do seu corpo encarquilhado queimado de sol
Gaste dinheiro com novas flores
Corra o que lhe permite o doutor
E, por favor, se esqueça de tudo até o fim
Até que o tempo apague as mais formais recordações de que um dia estivemos juntos
e cometemos o ato ridículo de sonhar em sermos felizes
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Independência com vassouras
domingo, 28 de agosto de 2011
Ressaca
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Soprando a poeira
quinta-feira, 5 de maio de 2011
5 de maio
terça-feira, 22 de março de 2011
Luzia e os Dragões de Komodo
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Agatha Couto <agathacouto@gmail.com>
Data: 31 de agosto de 2006 16:45
Assunto: Luzia e os dragões de komodo
Para: agathacouto@gmail.com
Dia novo, emprego velho. No meio da poeira do escritório em reforma, Luzia se sentia mofando. Sentia a poeira das paredes derrubadas como partículas da sua pele se desintegrando. Poderia jurar que seus pés criavam raízes do chão naquele momento. Raízes grossas que perfuravam o chão e atrapalhavam o preguiçoso início de expediente no andar de baixo. Imaginou as raízes surgindo do teto e enroscando nas mesas, cadeiras, ofícios, planilhas, grampeadores e funcionários, que nem se incomodavam com a intromissão. Foi acordava do devaneio pelo "bom dia" gritado do Doutor Lustrosa, seu chefe há dez anos, chefe de toda a empresa há três dias. As paredes derrubadas eram o primeiro sinal dos grandes planos que tinham convencido o Armandinho, herdeiro mimado que não queria trabalhar, a lhe dar a presidência.
Luzia fez cara de desdém, respondeu bom dia mal movendo os lábios e entregou a agenda do dia e recados. O chefe saiu e se trancou no seu escritório, lugar paradisíaco com paredes e ar condicionado. "Selva, selva, selva!", Luzia pensava em fugir, viver com os macacos, caçar, lutar com feras, dormir nas árvores. Mas levantou e foi pegar uma xícara de café e um chocolate para agüentar o dia inteiro que tinha pela frente.
Carpete
Eu sinto muito
Porque não te quero mais assim, tão pouco
Você me faz bem e me dá conforto
Mas eu preciso de alguém que me incomode
Que me transborde os poros
E me tenha como vício
Ou que não se importe
Pra eu lembrar do que realmente preciso
Pra me mostrar que essa sala com carpete não nos leva ao quarto nem à saída de emergência
Você nem me promete as emoções que mereço
Não há descida ou subida nesse nosso dia morno
E quem foi que derrubou as pontes e fez esse muro de proteção?
Não sei, isso agora nem importa
Porque está tudo tão bem que só me resta uma bomba
Um rompimento brutal e doloroso
Pra libertar nossas asas, arrancar a grama e liberar nosso grito mais proffundo
Essa máscara envelhecida de gente civilizada não convence mais
Somos animais no cio
sexta-feira, 11 de março de 2011
Os transtornos passam, os benefícios ficam.
Reforma. Não uma, mas várias. Brad, antes de ter tantos filhos para cuidar e uma esposa mais sexy symbol ainda pra se preocupar, tinha uma mania insuportável de reformar suas muitas mansões. Então, imagine Jen (apelido carinhoso para resumir) chegando em casa depois de um dia exaustivo de gravações, comerciais e bajulações. O mestre de obras vem e fala:
_Dona Jennifer, tem que comprar mais três caixas do revestimento de ouro do banheiro do terceiro andar.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Emagreça agora e só comece a malhar em 2014!
Uma idéia meio maluca, mas.. já pensou? Se a gente pudesse mudar de vida AGORA e pagar a prazo?
Por exemplo: você precisa de um fogão e não tem dinheiro. Então você vai lá, pega o fogão e paga um pouquinho todo mês. Um dia, você pagou tudo e o fogão é seu por direito! Se não pagar, alguém vai lá e te toma o fogão (vamos esquecer do Serasa e SPC, fiquemos simples).
Então eu podia emagrecer e ficar gostosa hoje e ir pagando todo mês, aos poucos. Malhando e comendo pouco pra não perder um bem tão precioso quanto um corpo bonito.
Sim, é claro que se eu malhar e comer pouco por X meses/anos/séculos vou conseguir. E estou tentando. Mas acaba que esse aos poucos vai parecendo nunca. Uma amiga fez uma lipo. Foi caro, sofreu, chorou, se perguntou porque fez aquilo. Mas hoje tem muito mais disposição de malhar pra manter o corpo que tem e não quer de jeito nenhum perder. É differente de malhar pra atingir um estado que sabe-se lá se é mesmo possível. Nunca estive lá, não sei como é. Em um dia de tanto cansaço como hoje, depois de enfrentar 45 minutos de ergometria pesada e pensar que tenho que fazer isso pelo resto da minha vida, começo a sonhar com um sistema menos cruel e mais acessível aos reles mortais.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Comer, dançar e morar
sábado, 15 de janeiro de 2011
Back to fitness
Mas... no meio do caminho tem uma pedra, tem uma pedra no meio do caminho. E se chama "força lombar". No primeiro dia, o instrutor me passou um agachamento x porque "você não tem força lombar". Ora, ora, como não tenho? Vou provar que tenho sim. Fui lá fazer o exercício que usa essa tal força e... Bem, amigos, não tenho mesmo. Quase morri pra completar a série. Não era cansaço do dia. Na segunda tentativa, o mesmo desempenho vergonhoso.
Tem sido tão difícil fazer uma flexão lombar que me pergunto como vivi todos esses anos com esse músculo praticamente sem força. Como consegui dançar, rebobar, andar ou olhar pra trás virando o corpo? É tão difícil exercitar esse músculo na academia que me pergunto como ele sobreviveu esquecido no meu corpo, sem uma tarefa importante pra fazer.
Queridos leitores, bem vos digo, desenvolvam sua força lombar. Dores nas costas, espinhela caída, falta de postura, insônia, falta de emprego, zica... desconfio que tudo vem da falta de força lombar. É por puro assombro com minha incapacidade que vou insistir no exercício. Imagino que minha vida vai mudar com minha fortifficação lombar. Sigam o caminho da luz, amém!
(pra quem não tá cansado do papo fitness)
Então... Com a graça de nosso senhor, exercitar meu corpo também exercita a mente e venho pensando nesse corpo que chamamos humano. E acho que há uma clara desconexão entre o classe média way of life e o nosso organismo. Se passarmos um tempo apenas vivendo normalmente (trabalhando, comendo, dormindo, saindo de vez em quando, arriscando umas caminhadas aqui e ali, com o diferencial que faço Dança do Ventre uma vez por semana), o corpo vai amolecendo por fora e endurecendo as articulações, tornando tudo flácido e entrevado. Meu estilo de vida não exige do meu corpo sua real necessidade e isso cria vários problemas com o tempo.
Então, qual seria o estilo de vida ideal para não precisar nunca de uma academia? Montanheses sem eletricidade que comem o que plantam e caçam e vão buscar água todo dia no rio lá embaixo? Senegaleses que fogem dos leões para sobreviver? Guerrilheiros da selva? Dançarinos de axé em turnê o ano inteiro?
Olha, porque é meio chato lembrar que sua vida confortável de carro, escada rolante, sofá macio e restaurante por quilo deixa seu corpo decrépito. Não é injusto que todas as benesses que vieram facilitar a nossa vida acabem nos deixando feios e doentes? É claro, tem a alimentação, a cultura e muito mais coisas entre o céu e a Terra, mas, na verdade.. não seria mais legal um corpo que não precisasse de tanto ajuste? Se rolar um programa de Avatar na vida real, sou uma séria candidata.