sábado, 15 de janeiro de 2011

Back to fitness

Cumprindo uma resolução de ano novo bem clichê, porém muito linda nessa vida, voltei a malhar. Me matriculei, enchi o peito de coragem e vesti minhas roupinhas puídas de tanto vai e volta da academia. Se passar de seis meses, monto um guardarroupa fashion fitness, mas, no momento, isso não importa muito. Na hora de montar a ficha, a espertalhona aqui sempre impressiona os instrutores por discutir de igual pra igual as vantagens do triceps no pulley ou testa, adução, abdução e um monte de outros nomes pros músculos despreparados do meu corpo. E, naturalmente, fico me sentindo um tantinho superior àqueles inicantes que quase choram quando tentam ler uma ficha. Outro motivo da minha imaginária superiodidade é que tenho uma certa facilidade e, como não estava de todo sedentária, encaro numa boa a puxação de ferro e sou capaz de pegar um pouco mais de peso (meu corpo, infelizmente, tem essa tendência de pegar peso).
Mas... no meio do caminho tem uma pedra, tem uma pedra no meio do caminho. E se chama "força lombar". No primeiro dia, o instrutor me passou um agachamento x porque "você não tem força lombar". Ora, ora, como não tenho? Vou provar que tenho sim. Fui lá fazer o exercício que usa essa tal força e... Bem, amigos, não tenho mesmo. Quase morri pra completar a série. Não era cansaço do dia. Na segunda tentativa, o mesmo desempenho vergonhoso.
Tem sido tão difícil fazer uma flexão lombar que me pergunto como vivi todos esses anos com esse músculo praticamente sem força. Como consegui dançar, rebobar, andar ou olhar pra trás virando o corpo? É tão difícil exercitar esse músculo na academia que me pergunto como ele sobreviveu esquecido no meu corpo, sem uma tarefa importante pra fazer.
Queridos leitores, bem vos digo, desenvolvam sua força lombar. Dores nas costas, espinhela caída, falta de postura, insônia, falta de emprego, zica... desconfio que tudo vem da falta de força lombar. É por puro assombro com minha incapacidade que vou insistir no exercício. Imagino que minha vida vai mudar com minha fortifficação lombar. Sigam o caminho da luz, amém!


(pra quem não tá cansado do papo fitness)
Então... Com a graça de nosso senhor, exercitar meu corpo também exercita a mente e venho pensando nesse corpo que chamamos humano. E acho que há uma clara desconexão entre o classe média way of life e o nosso organismo. Se passarmos um tempo apenas vivendo normalmente (trabalhando, comendo, dormindo, saindo de vez em quando, arriscando umas caminhadas aqui e ali, com o diferencial que faço Dança do Ventre uma vez por semana), o corpo vai amolecendo por fora e endurecendo as articulações, tornando tudo flácido e entrevado. Meu estilo de vida não exige do meu corpo sua real necessidade e isso cria vários problemas com o tempo.
Então, qual seria o estilo de vida ideal para não precisar nunca de uma academia? Montanheses sem eletricidade que comem o que plantam e caçam e vão buscar água todo dia no rio lá embaixo? Senegaleses que fogem dos leões para sobreviver? Guerrilheiros da selva? Dançarinos de axé em turnê o ano inteiro?
Olha, porque é meio chato lembrar que sua vida confortável de carro, escada rolante, sofá macio e restaurante por quilo deixa seu corpo decrépito. Não é injusto que todas as benesses que vieram facilitar a nossa vida acabem nos deixando feios e doentes? É claro, tem a alimentação, a cultura e muito mais coisas entre o céu e a Terra, mas, na verdade..  não seria mais legal um corpo que não precisasse de tanto ajuste? Se rolar um programa de Avatar na vida real, sou uma séria candidata.

Um comentário:

Claudia disse...

Meu Deus, acho que também não tenho força lombar. Agatha, isso é como descobrir que... que... não sei, que você é Sansão que raspou o cabelo porque achava o moicano lindo. Se eu desenvolver minha força lombar de repente eu até paro de assistir novela portuguesa. Quem sabe? : )