terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os outros

O astronauta que vê a terra por uma janela da nave. Minha prima magra que nem pensa em se preocupar com as calorias do que come. Alpinistas loucos por lugares muito, muito difíceis de ir (e de voltar). Gente que chuta cachorro. Gente que come cachorro. Minha amiga que nunca foi à caça numa balada porque sempre amou e foi amada de uma maneira natutal e segura. Alguém no poder que acha justo a verba de um açude virar o lago do haras particular. Paulistano que acredita, de verdade, que os nordestinos estragam São Paulo. A pessoa que consegue ouvir o som da banda Dejavú sem se incomodar. A pessoa gostar (meu Deeeeeeeeeeus) de Dejavú. Alguém que viu a banda Dejavú no comecinho e pensou: "Nossa, que ótimo, vou investir neles!". Alguém planejar meticulosamente conquistar e quebrar meu coração.
 
Me sinto tão, tão distante desse povo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Templos e Castelos

Não tema, minha amada!
As guerras, as pestes, as intrigas são coisas dos homens e sempre serão
A pequenez e a grandeza são humanas na mesma medida, não te assustes com a face crua dos iguais
 
Não temas a solidão, o frio, o escuro
Há luz em ti e sempre haverá
Sei que vês apenas a tocha que carrego, mas, não, te enganas
Esse brilho é tua aura, tua força
Te foram dados pelos deuses mais nobres
Pelos ventos mais puros e por estrelas que te amaram e já não existem mais
 
Reza por mim, bem aventurada
Não pelos monstros e perigos que encontro nesses caminhos tortuosos
Pois tenho peito forte, sou homem
Enfrento todos com a esperança da tua aldeia ser o passo seguinte
Mas reza por mim, toda noite
Porque sou humano, e posso me perder
Posso esquecer do que é puro, do que é divino
E não dosar os vícios, perder a coragem
Por isso, não te acanhes, e usa teu poder pra pedir por mim
sempre por mim
Que estarei pensando em uma vida aos teus pés
 
Não me condenes, querida
Sei que essa distância te rasga o peito
E jamais escolheria te fazer sofrer
Mas um herói precisa ter cicatrizes
Assim como os olhos sofridos te caem tão bem
Perdoe se não estou ao teu lado desde cedo
Mas sou o homem do teu destino
E preciso ter grandeza pra te merecer
 
Guarda-te pra mim, princesa
Não o corpo, que os tempos são outros e a carne precisa sempre de vento e fogo
Não o peito, que paixões e fúrias vão te alimentar a alma
Mas guarda pra mim, querida, essa febre crédula no amor
Guarda pra mim sonhos e histórias
Reserva o juntar das tuas mãos, que é onde devem estar as minhas um dia
Que pouco tarda, logo chega
Me espere, amada, me espere!
 
(Medieval feelings)
(Erros de conjugação e concordância aos montes, mas foi o que me "soou" melhor.) 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Polaroid

Clarisse é uma menina alegre
Dança, conversa, namora e vive rindo
Teve problemas de saúde, pega ônibus, o pai sumiu
Mas nunca passou pela cabeça dela
Estar errada nesse mundo

Milena sabe de tudo
Das cotações, da novela, do parafuso do pneu do carro
Analisa tudo, mede, compara, condena
Até ouviu uns conselhos, mas ainda não consegue
Relaxar

Sandra é forte
Lutou pra subir na vida, é respeitada, tem status
Levou golpes da vida e nunca se esmoreceu
Mas até hoje não pode
Perdoar

Léia é dona do mundo
Do alto de seus saltos e nariz empinado
O mundo está a seu serviço
Quem está mal é por preguiça de vencer
Jura que sempre vai se dar bem
Nunca pensou em temer

Mara é ponderada
Uns dias bem, noutros deprê
Tomou os remédios indicados
E agora faz acompanhamento regular
Trabalha, paga contas, tem amigos
Ainda quer desaparecer

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Das Horas

Eis que meu coração dispara às 13h14. Mais uma promessa, mais um lampejo da vibração que eu não posso resistir. Mas eis também o meu maior desafio: saber esperar. Se tudo der certo, não é pra agora, não é pra já. Se der errado é nunca, e isso é ainda pior que tudo. Nas horas do dia, só uma me acalma. A de pisar com força no chão, mesmo não podendo. A de contrariar a prudência e forçar o fôlego. Aquele suor denso que me suja, aquele é o meu prêmio. São os males que jogo fora, pra bem longe do meu corpo. É o peso que eu finalmente não quero mais carregar.

E é só depois, cansada, satisfeita e de missão cumprida, que posso olhar ver na vida um compasso paciente e sábio. Sei que tudo tem sua hora, mas eu ainda preciso correr.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Saiu


Mudar requer um esforço sério e constante, mas também há mudanças que eu nem sei que estão acontecendo e, de repente, eu mudei. Num calor alucinante em Goiânia, vesti ontem uma saia que era quase um uniforme. Nem sei quanto tempo fiquei sem usar, talvez uns seis meses. Faltou uma blusa pra combinar, estava mais cheinha, não era apropriada pro novo local de trabalho, enfim... fui deixando de canto. E ontem, apesar da saia servir perfeitamente, de estar calor, de ter blusa, de estar tudo certo, alguma coisa ali já não combinava mais comigo. Não era a moda, não o manequim. Ainda não sei o que é, mas a saia vai pra doação.