sexta-feira, 27 de junho de 2008

Narinha

Nunca a chamei pelo apelido. Não sei o que ela gostava de comer, o que a fazia rir, que frase mais falava. Mas a conhecia e, mesmo de longe, gostava dela. Nada mais clichê do que a morte. Nada mais natural que pensar em todos os clichês em um velório.
A que horas foi? Ela sofreu? Ela soube? O que importa agora? Ela morreu. Era muito querida, muito amada, uma profissional competente, uma mulher apaixonada, mas morreu. E eu quis falar pra família e para o namorado que sentia muito, que imagino que ela vá mesmo para um lugar melhor, que ela deve estar em paz agora, que vai ficar tudo bem, mas não falei nada. Pra que? Fui lá e senti muito, fiquei quietinha, foi o que consegui.
Pensei em tanta coisa pra escrever, mas saí do velório mais abalada do que imaginava. A efemeridade da vida, as coisas que nos matam e nos fazem viver, a correria do dia a dia, a valorização do trabalho em prol da vida afetiva, a mulher contemporânea... Tudo fica pra outro dia. Hoje eu só quero mesmo que a Nara descanse em paz.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O melhor item adicional do seu carro pode ser seu filho

Se tem algo capaz de tornar meu dia, qualquer dia, especial, é uma criança acenar pra mim no trânsito. Não precisa ser um tchauzinho com um sorriso. Pode ser uma careta. Uma gracinha. Um simples olhar curioso.
A criança que acena no carro me lembra da criança em mim. Das brincadeiras no carro do meu tio com minha prima Danielle. Das risadas que eu e meu irmão dávamos (e continuamos dando) ao ver as expressões estranhas, as poses de mau, as pichações obcenas. Meu pai competindo com o sinal vermelho, minha mãe me protegendo nos freios bruscos... É, eu tenho a sorte de poder ter boas lembranças em relação a carros. As batidas que sofri ou causei me deixaram apenas as lições de prudência e paciência.
Na correria do dia a dia, no trânsito caótico, os horários apertados, as obrigações e desejos que nos pesam ao volante, a criança que tem o interesse pela outra pessoa ali do outro carro confirma minhas verdades: corremos de mais e nos encontramos de menos, empatia é natural do ser humano e, se cada um saísse um pouco do seu mundinho (seja o carro, a casa, o clube de vips, a comunidade reliosa...) e olhasse pro outro como um igual, o mundo seria simplesmente mais bonito.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ai como dói ser adulta!
Ficar arrasada por uma bobeira e ter que levar a vida adiante, não conseguir ligar o mundo da imaginação com o mundo real, não querer ir pro trabalho e não poder falar pra mãe que tá com febre, esquecer de pagar uma conta e encarar o carão sozinha, ver a ansiedade foder a vida e saber que não existe remédio milagroso, ter problemas que são realmente seus, ver que conseguiu realizar um monte de coisa, menos a principal.

Tem dias que a idéia de outro aniversário me dá pânico.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lançamento de Salsichas

Cain cain é quando eu piso no rabo da Belinha ou a chuto sem querer. Belinha tem uma mania estranha e nada esperta de se postar deitada no meio do mini corredor escuro, passagem do meu quarto para qualquer lugar do mundo caso eu não saia voando pela janela.
Ontem, dei um ultra chute nela porque estava correndo pra não perder Pushing Daisies. Caso não fosse tão pesada, sairia voando, certeza. E o mais incrível é que, mesmo atordoada com a pancada, foi deitar ao meu lado como se nada tivesse acontecido, delicadamente apoiada na mesma perna que a chutou.
Nunca conseguirei entender as pessoas que não amam cachorros.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Mais seis dias de junho

Se eu quebrasse a perna, tenho certeza de pelo menos dez pessoas que me dariam socorro sem pestanejar. Se eu realmente precisar de dinheiro, alguns se esforçariam e raspariam o cofrinho pra me ajudar. Se eu estiver à beira da morte, que Deus me livre por agora, sei que muita gente estaria no leito chorando e me pedindo pra não ir. O caso não é tanto drama. Nada grave aconteceu.


E mesmo nas pequenas coisas, eu tenho muita ajuda, sempre. Sou muito amada. Minha família me ama. Meus amigos. Até gente que não me conhece direito gosta de mim por motivos que nem sei. E não que eu deixe de ser feliz ou agradecida por tudo isso, mas tem dias que isso não basta.


Eu quero alguém pra mim.

Não precisa mudar de cidade por minha causa. Não precisa mudar de vida, revolucionar o mundo, pintar o cabelo, falar mais baixo. Só quero uma pessoa que se dedique um pouco a mim, que me dê atenção e um pouco de carinho. Só isso.


Porque eu to carente e essa maldita data comercial que se aproxima me faz pensar demais nisso. Faz eu me sentir mal sozinha. Talvez isso ataque 10 entre 10 solteiros do mundo, mas não quero ser compreensiva com os outros que sofrem do mesmo mal, hoje não.


De tudo que eu sempre desejei na vida, essa é realmente a única coisa que nunca tive. Por mais que já teve (e tem, ainda bem) gente querendo me comer, nunca tive ninguém pra mim.


E o mistério insondável do meu universo é: Por que?

Por que eu não tenho alguém comigo? O que faço de tão errado? Se eu sou até bonita, inteligente, limpinha, cheirosa, depilação em dia, inteligente, culta, bem humorada, condições psicológicas normais na loucura desse mundo, tenho um emprego fixo, danço bem, tenho bunda grande... Já sei, já sei, vão dizer que são qualidades demais para uma pessoa só. Os homens se assustam com uma mulher como eu (BU!). Bem, não é isso. Não sou a melhor nem a pior mulher do mundo.


Sei que os tempos estão difíceis, ta ruim pra todo mundo, a solidão no ser humano na sociedade contemporânea, o El Nino, a Globalização... E duas amigas (muito amigas, pessoas excepcionais) já concordaram: não há realmente uma explicação lógica para o que tem sido minha vida sentimental até o segundo passado (vai que a coisa muda agora!).


Andei mais calma e tranqüila esses meses (talvez tenha mais de um ano), me convencendo que tudo tem sua hora e não há nada de errado comigo. Mas toda vez que eu me interesso por alguém (e piro, pra variar) e a coisa parece não fluir em instantes (ta, eu sou ansiosa), me revolto com essa condição social/do momento/ do destino/ de merda.


Fico perguntando pros meus amigos se estou louca ou estou mesmo recendo sinais de que ele ta me querendo. Dessa vez, todo mundo concordou que sim, as atitudes dele são, no mínimo, suspeitas. Não vou citar por medo dele ler isso aqui por algum acaso da vida (e era disso que eu não estava falando no último post). Não quero que ele saiba que causa tamanha comoção (caso ele não tenha notado minhas mãos suando quando estou perto dele).

Droga, já estou falando sem parar nele de novo!


Enfim... nem gosto muito de falar nisso, mas hoje deu vontade. E como disse a Cacau, falar cura. Mas ainda não tenho mesmo a menor idéia do que fazer pra resgatar minha paciência e serenidade ou, melhor seria, mudar minha vida sentimental. Já fiz tantas apostas... mas agora só queria alguém que apostasse um pouco em mim.



terça-feira, 3 de junho de 2008

Por esses dias, o que ando pensando é impublicável.
Daí o silêncio aqui.