quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Procurem a cabeça de burro!

Não sei se essa expressão existe fora de Goiás. Por aqui, costuma-se falar que um local deve ter uma cabeça de burro enterrada quando ele, de alguma forma, dá errado. Seja em diversas falências comerciais, seja pela vida de quem mora lá ou qualquer outra zica. Pode-se culpar a tal cabeça de burro por tudo que é ruim por ali.

Há anos morando no Setor Oeste, passo sempre em frente ao condomínio Porto Ferrara, na mesma rua onde moro. Esse prédio foi um dos muitos edifícios que ficaram inacabados na massa falida da Encol, aquela construtora que foi a maior da América Latina e deixou milhares de pessoas na rua da amargura, literalmente. O Porto Ferrara passou anos com as obras paradas. Os compradores esperaram em vão por uma solução da Justiça. Perderam muito dinheiro, já que o apartamento é de luxo, e quase perderam a esperança e paciência. Por fim, os já lesados cidadãos desenbolsaram mais uma fortuna para terminar a obra do prédio, que andou devargazinho, mas foi concluída.

Passando sempre pelo local, notei que a ocupação foi tímida, mas, por fim, o prédio parecia ter entrado nos eixos e deixado o passado amargurado pra trás. Mas esqueceram da cabeça de burro por ali.

Infelizmente, 2008 começou de uma forma muito triste no Porto Ferrara. Na noite de 04 de janeiro, uma criança de apenas 3 anos morreu ao cair do 12º andar do edifício. Parece que foi uma simples olhada curiosa na varanda do apartamento que causou a tragédia. Não sei como os moradores reagiram, não passei por lá no dia do acidente. Acompanhei a notícia pelos jornais e não me interessei em repercurtir o caso na tv. Não tinha muito mais o que falar. Uma criança cair de uma varanda é realmente muito triste.

A história ficou na minha cabeça e hoje pensei na cabeça de burro. Vasculhem as fundações, deve ter alguma coisa. Um prédio que deveria ser celebrado pela sua ótima localização e pelo maravilhoso apartamento de luxo não deveria ter tanta tristeza reunida em sua breve história.

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