Eu estou tão bonita naquela foto, chega a me dar saudade quando olho. E tem só dois dias que tirei. Eu mesma, rindo pra mim, em mais uma das minhas mil autofotos.
Mas hoje eu não me reconheço ali, assim como não sei quem é a gordinha determinada que corria do Areião semana passada, nem a escritora genial que surgiu no último post.
Meu êxtase de ontem foi um intervalo de uma hora, um pequeno espaço pra ser feliz e viver da maneira que eu gosto, mas não consigo manter. Acho que meu vício é a intensidade. Tudo que me emociona muito, que vai mais fundo, que vibra. Me sinto viva com certos sons, histórias e pessoas. Quando encontro algo ou alguém assim, viro fiel devota, beiro o fanatismo.
Aí o show acaba, as pessoas vão embora, as luzes se acendem e eu estou de volta à vida que eu acho sem graça e todo mundo diz que é minha culpa. Porque tem aquela história de que "você é dono do seu destino", "faça acontecer" e tudo o mais, e deve ser verdade. Assim como é verdadeiro crescer e saber que o mundo não é culpado pelos seus problemas e não adianta ter raiva de tudo só porque você está insatisfeita.
Se a assistência social contasse como habilidades a capacidade de cuidar da própria vida, perseguir sonhos, resolver problemas e realizar objetivos, eu estaria estacionando em vagas especiais e recebendo uma aposentadoria mixa, da época que uma pessoa parecida comigo passou num concurso público. Mas eu tenho mãos, pés, todos os dedos e sentidos perfeitos, ainda bem e Deus me conserve assim, mas nada disso garante um cidadão realmente capaz de contribuir com a sociedade.
Aí uns que me amam me mostram o quanto eu sou livre, quantas possibilidades estão à minha frente e nada me prende. Então é assim que eu descubro que tenho asas, mas não sei voar.
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