Você não me quer. Me adora, me respeita, me admira. Mas não me quer.
Você reconhece meu esforço, me chama pra dançar. Gosta do meu cheiro, me acha inteligente.
Mas ainda não me quer.
Adora me ver dançar, me fala baixarias. Me beija, quer me comer.
Faz pequenos serviços, é meu grande amigo. Perdoa meus pecados, me diz boa noite.
E jamais pensaria mal de mim, nunca ofenderia minha dignidade.
Você não bate em mulher. Respeita as diferenças. Até admite seu lado feminino.
Ah, você é tão bom!
Do alto de sua hombridade, você está sempre ali por mim.
Nunca rasgou minhas roupas, nunca pensou em mim no chuveiro.
Posso contar com você pra tudo que eu precisar. Você me ouve, me consola, tenta me entender.
E me traz chocolates, desgraçado, foda-se você e esses malditos chocolates.
Porque você não me quer, simplesmente não me quer!
E odeio todos os seus atos nobres, a sua sinceridade, honestidade, seus impostos em dia
sua cervejinha no domingo
E desprezo seus segredos sujos, suas historinhas de paixões erradas, traições, sofrimentos...
Quanta bobagem!
Porque nada me sangra mais a carne
Nada é mais humilhante, mais cruel
Nada pode pisar tão fundo em mim
Do que o esse fato sólido, claro e límpido
De que você não me quer.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Feliz Páscoa pra quem vai ganhar o ovo de chocolate que eu queria, mas não fui comprar e nem vou ganhar!
Eu estou tão bonita naquela foto, chega a me dar saudade quando olho. E tem só dois dias que tirei. Eu mesma, rindo pra mim, em mais uma das minhas mil autofotos.
Mas hoje eu não me reconheço ali, assim como não sei quem é a gordinha determinada que corria do Areião semana passada, nem a escritora genial que surgiu no último post.
Meu êxtase de ontem foi um intervalo de uma hora, um pequeno espaço pra ser feliz e viver da maneira que eu gosto, mas não consigo manter. Acho que meu vício é a intensidade. Tudo que me emociona muito, que vai mais fundo, que vibra. Me sinto viva com certos sons, histórias e pessoas. Quando encontro algo ou alguém assim, viro fiel devota, beiro o fanatismo.
Aí o show acaba, as pessoas vão embora, as luzes se acendem e eu estou de volta à vida que eu acho sem graça e todo mundo diz que é minha culpa. Porque tem aquela história de que "você é dono do seu destino", "faça acontecer" e tudo o mais, e deve ser verdade. Assim como é verdadeiro crescer e saber que o mundo não é culpado pelos seus problemas e não adianta ter raiva de tudo só porque você está insatisfeita.
Se a assistência social contasse como habilidades a capacidade de cuidar da própria vida, perseguir sonhos, resolver problemas e realizar objetivos, eu estaria estacionando em vagas especiais e recebendo uma aposentadoria mixa, da época que uma pessoa parecida comigo passou num concurso público. Mas eu tenho mãos, pés, todos os dedos e sentidos perfeitos, ainda bem e Deus me conserve assim, mas nada disso garante um cidadão realmente capaz de contribuir com a sociedade.
Aí uns que me amam me mostram o quanto eu sou livre, quantas possibilidades estão à minha frente e nada me prende. Então é assim que eu descubro que tenho asas, mas não sei voar.
Mas hoje eu não me reconheço ali, assim como não sei quem é a gordinha determinada que corria do Areião semana passada, nem a escritora genial que surgiu no último post.
Meu êxtase de ontem foi um intervalo de uma hora, um pequeno espaço pra ser feliz e viver da maneira que eu gosto, mas não consigo manter. Acho que meu vício é a intensidade. Tudo que me emociona muito, que vai mais fundo, que vibra. Me sinto viva com certos sons, histórias e pessoas. Quando encontro algo ou alguém assim, viro fiel devota, beiro o fanatismo.
Aí o show acaba, as pessoas vão embora, as luzes se acendem e eu estou de volta à vida que eu acho sem graça e todo mundo diz que é minha culpa. Porque tem aquela história de que "você é dono do seu destino", "faça acontecer" e tudo o mais, e deve ser verdade. Assim como é verdadeiro crescer e saber que o mundo não é culpado pelos seus problemas e não adianta ter raiva de tudo só porque você está insatisfeita.
Se a assistência social contasse como habilidades a capacidade de cuidar da própria vida, perseguir sonhos, resolver problemas e realizar objetivos, eu estaria estacionando em vagas especiais e recebendo uma aposentadoria mixa, da época que uma pessoa parecida comigo passou num concurso público. Mas eu tenho mãos, pés, todos os dedos e sentidos perfeitos, ainda bem e Deus me conserve assim, mas nada disso garante um cidadão realmente capaz de contribuir com a sociedade.
Aí uns que me amam me mostram o quanto eu sou livre, quantas possibilidades estão à minha frente e nada me prende. Então é assim que eu descubro que tenho asas, mas não sei voar.
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