domingo, 24 de outubro de 2010

Assaltos

Do hálito quente ao cansaço, lembro de cada detalhe. Só me esqueço das ausências, dos pecados, do não recomendado, de tudo mais que é chato. Daquela noite em sussurros inocentes até que o peso do seu corpo me tirasse o ar. Aquela sua constatação cínica de quem já sabia que tinha ganhado o jogo, quase fico com vergonha se não fosse o riso fácil que suas piadas bobas me provocam. Aquele primeiro beijo tinha eletricidade para acender uma cidade na noite de Natal, com luzes e luzes piscando até que todos se fartem.
O teu suor manchou meus lençóis amarelados pelo tempo, lavou meus preconceitos tolos, inundou minha alma e é por isso que, mesmo hoje, ainda sei o que é suspirar plena. A sua presença é luz guardada que invade meu céu nublado, tira minha memória pra dançar e incita meu dedo a discar seu número em um fim de tarde qualquer.
Achei engraçado seu ar de abusado desprezando meus mil agradecimentos por aquele favor. Eu sei, você sabe, não é educação e polidez que construíram nossa admiração e respeito um pelo outro, nem é isso que faz você sempre voltar.

domingo, 10 de outubro de 2010

SAI DAQUI, ANGÚSTIA!

Eu te reconheço, mas não te aceito
Sei das tuas garras, que ainda me pegam, mas não sufocam como antes
Agora eu tenho pulmões mais fortes pra gritar, pra te expulsar ou, na falta de forças
pra ficar quieta e esperar que você seja delicada e vá embora deixando meu dia menos esquisito
Porque eu cuido de plantas e cultivo alegrias amenas
Como aproveitar o domingo na piscina semi suja, mas usável
Vencendo o desafio da lâmpaga queimada
Hesitando em ligar para os amigos porque eu não quero que você se meta nas minhas conversas
Então, cai fora!
Se manda
Meu domingo é de paz e eu confio em coisas infinitas
Sei que noite me alivia, pare de atrapalhar meu pôr do sol
A falta dele não deveria abrir espaço pra você
Esse vazio não pertence a ninguém e pode ficar tomando um ar por ora
Coração fresco, cabelos bem cuidados, contas pagas
Talvez não ainda nesse feriado, mas um dia